Deslizamento de terras e de pedras gigantes matou, na quarta-feira, casal de namorados. Câmara decretou situação de alerta em Palmeira de Faro. Remoção de destroços começa na sexta-feira.
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Os moradores das casas anexas contíguas à moradia danificada onde, na quarta-feira, por um deslizamento de terras e pedras gigantes, que matou um casal de namorados, na rua de Artur Barros Lima, em Palmeira de Faro, foram obrigados a sair, a partir das 20 horas de quinta-feira. A Câmara de Esposende decretou situação de alerta de âmbito municipal, após reunião com técnicos. A remoção dos destroços começa na sexta-feira.
Susana Gonçalves e Fábio David, ambos de 22 anos, morreram após o aluimento provocado pelas chuvas que atingiu parte da casa da jovem, recém-formada formada em Enfermagem. Ao contrário do que foi veiculado, fonte próxima da família de Susana, desmentiu, esta quinta-feira, ao JN que estivesse grávida.
Na casa encontravam-se no momento da derrocada a mãe e o padrasto de Susana, mais duas crianças (irmãos) de dois e 12 anos. Todos ficaram ilesos e foram acompanhados por psicólogos.
Oito famílias
A medida agora tomada pela autarquia implica a interdição da zona afetada, e, consequentemente, o realojamento dos moradores. No total, oito famílias tiveram de sair das suas casas: duas (sete adultos e sete crianças) foram realojadas pelo Município e as restantes (10 adultos e quatro crianças), estão em casa de familiares ou amigos.
A autarquia quer aferir as condições de segurança e sustentabilidade dos terrenos da área afetada. Por isso, irá realizar um estudo geotécnico, a desenvolver por especialistas da Universidade do Minho, e, só após esse trabalho, será possível definir os passos seguintes.
Na quinta-feira, a Associação de Proteção Civil (APROSOC) acusou a Câmara de "inação" e de "ignorar um conjunto de questões que estão por responder no caso em análise". Confrontada como comunicado, a edilidade responder não reconhecer à associação "legitimidade para colocar este tipo de questões", dado que o assunto "está a ser tratado por entidades competentes".
Romagem ao local
Na quinta-feira, apesar da chuva, muitos foram os curiosos que passaram por Palmeira de Faro, colocando-se em frente à moradia afetada. Havia quem tivesse vindo da Póvoa de Varzim para ver o local da tragédia, pejado de pedras de grandes dimensões.
Um dos presentes era Paulino Boucinha, de 70 anos, que veio de Viana do Castelo para ver o lote de terreno que vendeu em 2009. "O meu lote é onde está construída a casa [afetada pelo deslizamento de terra]. Na altura, vendi a um senhor da freguesia de Marinhas, por isso esta casa terá pouco mais de 10 anos", revela.
A configuração do terreno era semelhante à desta sexta-feira e, por isso, Paulino não consegue perceber como não foi construído um muro de sustentação. É que no local há uma moradia em cima de um monte e as restantes em lotes numa cota mais baixa. Segundo se soube, donos da moradia no ponto mais alto terão feito movimentação de terras no verão, o que o JN não conseguiu confirmar dado que a habitação estava vazia. Com a chuva intensa, poderá ter havido um desprendimento de terras.
"O terreno, onde estão estes lotes todos, era do meu pai e sempre foi assim. Se reparar nas casas que estão por aqui acima, não foi feita nenhuma proteção por trás", salienta.