Presidente da Câmara de Esposende diz que os lotes de terreno ao lado da moradia onde morreu casal de namorados foram mexidos no verão de 2022 sem ter sido pedido licenciamento.
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O presidente da Câmara de Esposende, Benjamim Pereira, afirmou que a retirada de pedras e terras, no verão de 2022, na base do talude dos lotes de terreno ao lado da moradia onde morreu casal de namorados, em Palmeira de Faro, poderá estar na origem da derrocada. O JN teve acesso a fotografias tiradas antes da tragédia que matou Susana Gonçalves e Fábio David, onde é possível verificar a remoção de enormes pedras na base da encosta.
O Município de Esposende aguarda o relatório encomendado ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e à Universidade do Minho, para perceber quais as causas do deslizamento de terras, mas o presidente tem "uma ideia muito concreta do que originou aquilo".
"Os lotes sete e oito, que são os lotes que estão vazios, que é onde está a grande parte das pedras, tinham um talude com uma determinada inclinação e, durante o verão de 2022, foi feita uma escavação que cortou a base do talude", afirma Benjamim Pereira, salientando que a Câmara não tinha "conhecimento desse desaterro". "Foi feito, durante o verão, sem a nossa autorização e sem qualquer tipo de licenciamento", acrescenta.
Para o autarca de Esposende, "não é à toa que as pedras deslizaram para aquele lado [terreno vazio]". "Cortaram a base do talude e, quando veio a chuva, houve o deslizamento".
Noite fatal
Foi a 23 de novembro do ano passado que tudo aconteceu. Susana Gonçalves e Fábio David estavam a dormir quando um deslizamento de terras e de pedras gigantes, provenientes do terreno de uma outra moradia construída no cimo do monte, desabou sobre a casa onde estavam e lhes ceifou a vida. No interior da habitação estavam mais quatro pessoas que escaparam ilesas: a mãe de Susana, o companheiro e dois irmãos, de dois e 12 anos.
Tudo na mesma
Dois meses depois, na rua Dr. Artur Barros Lima tudo continua na mesma. Uma imensidão de pedras gigantes estende-se pelos dois lotes de terreno sem habitações, enquanto outras continuam encostadas à casa, esmagando por completo a garagem e parcialmente um carro.
Três famílias continuam sem poder regressar a casa desde esse dia e assim vão continuar até que o estudo do LNEC esteja concluído, enquanto outras três puderam voltar, mas de forma condicionada - não podem aceder ao jardim traseiro da habitação.