Numa altura em que o poder local se mostra disponível para que sejam criadas as primeiras salas de chuto no Porto, o aumento do consumo e do tráfico de droga a céu aberto, em plena via pública e a qualquer hora do dia, está a preocupar moradores da zona ocidental da cidade.
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E a situação é tão grave que a presidente da União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, Sofia Maia, já pediu uma reunião com caráter de urgência ao superintendente-chefe Paulo Lucas da PSP do Porto.
"Isto é um caso de polícia", afirmou ao JN Sofia Maia que, nas últimas semanas, tem sido confrontada com inúmeras queixas de munícipes residentes naquela zona da cidade, preocupados com o ambiente vivido, de distúrbios e de insegurança. "Há muito barulho e desacatos a qualquer hora do dia, quer de manhã, quer à tarde e à noite", refere a presidente da União de Freguesias, que tem os serviços sociais a trabalhar no terreno a dar apoio a toxicodependentes. Contudo, "nas situações de segurança, terá de ser a PSP a intervir".
"Temos estado em contacto com todas as entidades, com a Câmara do Porto, com a polícia municipal e com a PSP, mas o problema neste momento carece de outro tipo de atenção", acrescenta Sofia Maia. Os serviços juntamente com associações de moradores realizaram um relatório que será dado a conhecer à PSP assim que a reunião seja agendada.
"Locais como o Bairro de Pinheiro Torres e Lordelo, que eram relativamente sossegados, estão a agora a viver numa situação que não existia e a que as pessoas não estavam habituadas", explica a autarca, que não fala num aumento do número de roubos ou assaltos, mas apenas de um ambiente intimidatório no espaço público que coloca em causa a imagem da cidade.
Espalhado pela cidade
O tráfico é visível a quem passa pelas artérias envolventes ao Bairro de Pinheiro Torres e o consumo é feito também no espaço público. Muitos toxicodependentes que abandonaram o Bairro do Aleixo e se instalaram na antiga Cofanor saíram também dali com o início das obras de construção do Retail Park da Pasteleira. Estão agora numa área mesmo junto ao Hotel Ipanema Park, sendo o consumo visível aos hóspedes que ali chegam, tanto na entrada, como através das janelas dos quartos daquela unidade hoteleira.
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Com o fim do Bairro do Aleixo, considerado o principal supermercado de droga do Porto, o problema acabou por se espalhar pela cidade, e até a zona da Sé volta a confrontar-se com situações que nos últimos anos pareciam erradicadas. "É uma vergonha o que se passa junto do mercado", considera António José Fonseca, presidente da União de Freguesias do Centro Histórico, que está à espera que a Assembleia Municipal do Porto formalize a transferência do Mercado de São Sebastião para a alçada da junta.
Também ali o consumo e o tráfico são feitos à frente de quem passa. "Além de ser um caso de saúde pública, transmite-se uma má imagem aos turistas que visitam esta zona da cidade", diz António Fonseca, que tem um projeto para o local que prevê a reorganização das zonas verdes e do mercado de frescos.
Pormenores
Unidade ativa - Em Lisboa, a unidade móvel de consumo assistido já funciona há mais de um mês. Está sediada na freguesia de Beato e vai fazer passagens em Arroios.
Equipa de técnicos - A unidade está aberta todos os dias e conta com uma equipa de técnicos do GAT - Grupo de Ativistas em Tratamentos bem como de técnicos dos Médicos do Mundo.
Estruturas fixas - A abertura das duas unidades fixas, que irão ficar no Vale de Alcântara e no Lumiar, só está previsto para o segundo semestre do ano. A demora deve-se aos trabalhos de sensibilização.