As propostas dos alunos de Arquitetura e Sociedade que pretendem "voltar a dar vida" aos lavadouros das Fontainhas e à Praça da Alegria, no Bonfim, foram ontem conhecidas pelos moradores que ajudaram a montar os placares informativos expostos na praça.
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"São ideias boas e importantes aqui para a zona. A praça está morta neste momento". Quem o diz é o morador José Ramos, que passa no local diariamente e reconhece as fragilidades atuais daqueles espaços: "Ainda sou do tempo em que havia aqui vendedores. Acho que hoje isso já nem existe".
De facto, as bancas de venda desapareceram. A última comerciante, conhecida por "Dona Teresinha", faleceu já os alunos andavam a ouvir a população, no sentido de perceber o que gostava de ver ali executado.
Mas para os jovens arquitetos, é importante que as bancas voltem à praça. "Temos a ideia de colocar aqui uma estrutura amovível que possa ser utilizada para diversos fins", explicou Sara Pires, envolvida na iniciativa. Podia servir de banco, floreira, mesa ou até para uma tela para sessões de cinema noturno.
Nos lavadouros das Fontainhas, os alunos idealizaram um espaço "mais convidativo e inclusivo", reabilitando as escadas e criar bancos. "Gostávamos de fazer um banco com azulejos, feitos pelos próprios moradores e que retratassem a história de todo o trabalho das carquejeiras", referiu Ana João Silva. Além disso, "era importante ter um espaço capaz de receber workshops e uma cobertura verde, por exemplo trepadeira", acrescentou.
"Os moradores estão a sair cada vez mais. Mas estas iniciativas são importantes para que estes lugares renasçam. Aqui a praça, já precisava", disse Mário Pereira ao JN, enquanto passava com o filho. De acordo com o morador, é preciso uma aposta nestes locais, reiventando-os e deixando-os cada vez mais familiares.
Olga Feio, da Domus Social, lembrou como uma pequena iniciativa pode surtir grandes efeitos: "Numa das atividades que fizemos aqui, fixámos balões nos postes. As crianças a sair da escola vieram a correr para aqui. Os pais estavam a acompanhá-los e ficaram para saber mais".
Ideias a longo prazo
Além das propostas para concretizar a curto prazo, os alunos pensaram também em ideias "mais evasivas e exigentes"."Repavimentar a praça e tornar a água potável dos lavadouros, são alguns exemplos", explicou Ana João Silva. Até porque há quem continue a usar os tanques e quem pede um estendal.
Durante os próximos dias, os moradores podem conhecer as sugestões expostas na Praça da Alegria. Para o dia 23, está marcada uma discussão pública para ajustar as ideias dos alunos.