No bairro de Guifões, a Câmara de Matosinhos deixou um morador fazer um pombal num parque infantil desativado. Os vizinhos estão indignados e temem que as pombas atraiam ratos e causem mau cheiro.
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O morador em causa, descrito pelos vizinhos como uma pessoa de feitio difícil, tinha o pombal instalado num quarto da sua casa. A situação foi descoberta durante uma visita de rotina da MatosinhosHabit ao complexo habitacional de Sendim, conhecido como Bairro de Guifões.
Foi-lhe proposta a transferência do pombal para um espaço público do bairro, o que está a causar indignação entre os vizinhos dos blocos em redor. Por um lado, contestam o facto de um morador ter direito ao uso privado de um espaço comum para criar animais; por outro, não querem as pombas por perto.
"Se eu tiver um burro em casa e a minha vizinha tiver uma cabra, a Câmara também nos vai dar espaço cá fora para os nossos animais?", reclamou uma moradora ao JN. O pombal foi construído no interior de um jardim comum, no lugar onde havia dantes um parque infantil que foi vandalizado. "É inacreditável, temos as casas cheias de humidade, as caleiras entupidas e dizem que não há dinheiro, mas depois fazem este 'museu'", reclamou outra vizinha. "Deviam construir aqui um espaço para as crianças brincarem ou alguma coisa que fosse para todos usarem", avançou outra.
Foi a "melhor solução"
O JN tentou, sem êxito, falar com o dono do pombal. A administradora da empresa municipal, Olga Maia, explicou que a instalação do pombal naquele local foi "a melhor solução" para retirar o pombal da casa, dado tratar--se de uma pessoa "com ausência das capacidades totais". "Não o conseguíamos convencer a ficar sem as pombas", referiu.
Há pombais em mais dois bairros camarários, declarou Olga Maia. "Vamos fazer ali uma horta comunitária e o pombal insere-se perfeitamente". A construção, sublinhou, seguiu recomendações da Associação Columbófila de Perafita e o projeto desenhado por arquitetos da Câmara, com uma orientação que não causa impacto.
"Cerca de 5% dos nossos inquilinos são pessoas sem as competências totais e são altamente protegidas pela nossa equipa, quer agrade aos outros ou não, porque isto é um projeto social", afirmou.