Um grupo de moradores do centro do Porto, particularmente da zona onde predomina a animação noturna, criou um movimento para defender os seus interesses.
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Intitulados Vizinhos em Extinção (VE), alegam que a sua vida é afetada pelo ruído, lixo e insegurança criados pela movida, defendendo uma maior regulamentação e fiscalização da área. Este movimento, que tem como objetivo transformar-se em associação no futuro, entregou à Câmara do Porto a sua participação na discussão pública (que terminou na sexta-feira) das alterações ao regulamento da movida. Entre as mudanças previstas está o alargamento da proibição de venda de álcool para a rua.
Os elementos que falaram ao JN preferiram manter o anonimato por "medo de represálias". O Vizinhos em Extinção tem, neste momento, um núcleo de sete pessoas, que se alarga a outras 50 que participam nas reuniões de forma mais ocasional.
Ao JN, a responsável do movimento garante que um dos problemas que afligem os moradores é o "excesso de esplanadas e logradouros". "Estes espaços interiores, no caso dos logradouros, são usados para esticar os horários de funcionamento dos estabelecimentos", acusa.
Além desta questão, há outros fatores que poderão estar a prejudicar a vida dos residentes. Segundo a mesma fonte, não é só o ruído noturno que atrapalha "o sossego e o bem-estar das pessoas". "Há ainda um estacionamento abusivo que faz com que, por vezes, as pessoas nem consigam andar nos passeios. Além disso, quando saímos de casa de manhã temos que levar com os "restos da noite": lixo no chão e até o cheiro a urina nas nossas portas", denuncia.
Outro dos membros do grupo explicou que já se fartou de fazer queixas, que nunca são respondidas. Aliás, garante que só não sai da Baixa do Porto por "medo de arriscar vender e comprar casa no atual contexto do mercado imobiliário".O membro dos Vizinhos em Extinção pede mais proatividade das forças policiais e da fiscalização.
"Não somos contra bares, esplanadas ou outro tipo de estabelecimento. Apenas não concordamos que esmaguem as nossas vidas e roubem o nosso espaço público, físico e sonoro", ressalvou.
Empresários também pedem mais policiamento e fiscalização
Os empresários da movida do Porto também pedem mais policiamento e fiscalização, de modo a que as regras impostas pela Câmara do Porto sejam cumpridas, confome noticiou o JN.
"O grande problema não está nos bares, mas sim nas pessoas. No nosso estabelecimento não permitimos a saída de bebidas e quem está na rua tem na mesma alcoól e faz barulho com as colunas que trazem de casa", alerta Olivier Ramadas, um dos sócios-gerentes do Eleven Sports Bar.
Além disso, há quem já tenha gasto "milhares de euros" para cumprir com as medidas impostas pela autarquia, sentindo que não pode fazer mais para ajudar à resolução da situação.
"Tentamos sempre controlar o que podemos e minimizar o desconforto causado aos moradores, mas não podemos policiar as pessoas na rua", explica, Márcio Teixeira, dono do Lust.
Quanto à segurança, Ricardo Costa, um dos sócios da discoteca Plano B, revela que já tentou contactar a Polícia para um serviço gratificado, mas que nunca obteve resposta.