Estudantes montam "parque de campismo" em protesto contra a falta de alojamento no Porto
Dezenas de estudantes montaram um "parque de campismo" improvisado, em frente à Câmara do Porto, como forma de protesto contra a falta de alojamento na cidade Invicta.
Corpo do artigo
Ao todo, estavam instaladas 18 tendas, que representavam as cerca de 18 mil camas prometidas pelo Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES), que ainda não se concretizaram. O "Parque de Campismo Académico" esteve montado entre as 9 e as 12 horas desta quarta-feira, para alertar os problemas que esta condição tem criado aos estudantes.
Segundo o presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Francisco Porto Fernandes, este problema representa o principal entrave à frequência do Ensino Superior.
"Prometeram-nos 18 mil camas e apenas foram concretizados 15% desse valor. Em vez de um elevador social, o Ensino Superior está a tornar-se um reoprodutor das igualdades sociais. Um quarto no Porto custa, em média, 400/500 euros por mês. Isto faz com que os estudantes dependam, não do seu mérito, mas do seu código postal", começou por explicar o representante dos estudantes, clamando por "igualdade de oportunidades".
Foto: Artur Machado
Porto Fernandes salientou ainda que a FAP tem feito a sua parte e, por comparação, não percebe como é que o Governo não consegue dar resposta a este problema. "Através do lucro da Queima das Fitas, a FAP conseguiu 64 novas camas para estudantes, então como é que o Estado Central não consegue ajudar mais?", questionou.
Esta é uma realidade corroborada pelos estudantes que participaram no processo, que revelam muita dificuldade em encontrar alojamento. Além disso, quando o acham, pagam peços exorbitantes por apenas um quarto.
"O Porto é uma cidade cada vez mais cara e com cada vez menos quartos. Estas condições fazem com que muitas pessoas tenham de adiar o sonho de ter acesso ao Ensino Superior", lamenta Alexandra Saraiva, estudante de Ciências Farmacêuticas, que se mudou de Viseu para a Invicta.
E, quando os custos são demasiado elevados, é preciso fazer o esforço extra para conseguir fazer face ao problema. O primeiro suporte são os pais mas, por vezes, só esse apoio não basta.
Foto: Artur Machado
"O alojamento é a principal barreira ao acesso ao Ensino Superior, neste momento, como se comprova pelo número reduzido de entradas neste ano. No meu caso, demorei muito a encontrar casa, sendo que nem todos passam fatura, o que para mim não dá. Para ajudar ao sacrifício que os meus pais fazem vou fazendo uns trabalhos part-time, mas não deveria ser preciso tudo isso para estudar", contou David Gomes, também ele de Viseu, revelando ainda ter colegas na mesma situação, que acabam por ter de faltar às aulas para conseguirem trabalhar e pagar as contas.