Abaixo-assinado entregue à Metro do Porto e às autarquias de Porto e Gaia contesta travessia devido ao impacto na vida das pessoas e no valor dos imóveis
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Um grupo de moradores da zona de Massarelos, no Porto, pediu a uma série de entidades a anulação do concurso público que levará à construção da nova ponte sobre o Douro, junto à Arrábida. Dizem que a estrutura, parte integrante da futura linha de metro entre Porto e Gaia, terá vários efeitos negativos, em termos de impacto visual, qualidade de vida dos moradores, valor dos imóveis e até segurança.
O pedido consta de um documento assinado por 29 pessoas que vivem em edifícios da Alameda Basílio Teles, Rua do Bicalho e Rua do Ouro. Solicitam à Metro do Porto e às autarquias envolvidas o lançamento de novo concurso, "após revisão do caderno de encargos, de modo a permitir a obtenção de propostas sem a magnitude dos impactos" que enumeram.
Começam por dizer que "a dimensão desmedida da ponte e a sua inserção numa zona da encosta do rio com elevada densidade de construção, tal como consta das propostas conhecidas, irá ter um impacto visual extremamente negativo numa das zonas mais emblemáticas da cidade, na população que nela habita e na própria ponte da Arrábida, que ficará definitivamente relegada para segundo plano".
Os moradores estão também preocupados com a "qualidade de vida, em termos de sossego", tanto pelo ruído das obras como, depois, pela passagem do próprio metro. "Esta situação terá como consequência forçosa e inevitável um impacto muito negativo no valor de mercado dos imóveis". Por outro lado, dizem que "a segurança das pessoas e bens" será afetada, "com a agravante de forte probabilidade de ocorrerem danos estruturais nos edifícios durante a obra".
O abaixo-assinado - que foi também enviado à Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, à Ordem dos Arquitetos, à Ordem dos Engenheiros e à Agência Portuguesa do Ambiente - faz ainda alusão ao valor patrimonial do edifício Douro's Place. Por fim, refere que o processo evoluiu "sem ter levado em consideração as opiniões das instituições e da própria população", o que os autores consideram ser "uma violação" de direitos e garantias.
A travessia em causa fará parte da segunda ligação de metro entre Porto e Gaia, num investimento total de 299 milhões de euros, a fundo perdido, ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência. Investimento que terá de ser executado até 31 de dezembro de 2025.
O processo para a construção da ponte está suspenso desde novembro, devido à contestação apresentada em tribunal por um dos concorrentes excluídos do concurso (a candidatura liderada pela Pencil Engenharia), numa altura em que já estavam selecionadas três propostas para a segunda fase do concurso. A Metro do Porto respondeu à contestação alegando interesse público, devido à necessidade "real e urgente" de celebrar o contrato.