Os moradores dos dois blocos de apartamentos que deslizaram vários centímetros numa urbanização de Pereira do Campo, Montemor-o-Velho, assumem-se alarmados e desconfiam do sucesso dos trabalhos de consolidação de um talude, anunciados pela autarquia.
Corpo do artigo
"O risco, para mim, continua lá iminente. Não é com as obras que estão a fazer que me parece, de alguma maneira, que vão estabilizar aquilo", disse aos jornalistas Acácio Tarrafa, porta-voz do grupo de moradores.
Acácio Tarrafa assinalou que o prédio onde reside movimentou-se nas últimas 24 horas e teme que a situação se mantenha. "O prédio vai continuar a dar-se até aquilo [a intervenção] estar concluído (...). De ontem [anteontem] para hoje [ontem] o prédio deu-se e vai continuar a dar-se", referiu.
Na última semana foram detectadas fissuras e desníveis em dois blocos habitacionais de três pisos - que albergam cerca de 50 pessoas --, situados a meio de uma encosta, alegadamente provocados por um deslizamento de terras no subsolo.
Dois edifícios de construção recente afastaram-se um do outro vários centímetros, existindo ainda fendas em garagens e passeios da urbanização.
Acácio Tarrafa antecipou ainda a hipótese de os moradores poderem vir a ser evacuados "a qualquer hora da noite".
"O senhor presidente [da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho] tem tudo preparado para uma evacuação caso seja necessário, a qualquer hora da noite. E nós estamos assim, à espera que nos chamem, a qualquer hora da noite, para sair dali", referiu.
Ontem, no final de uma reunião, que juntou na autarquia de Montemor-o-Velho técnicos e responsáveis de forças de segurança, o vereador Abel Girão afastou, no entanto, a hipótese de evacuar imediatamente os apartamentos, anunciando que o dono de uma obra adjacente vai proceder à "consolidação" de um talude situado junto à base dos prédios.
O talude "está numa situação instável" e "está a provocar a deslocação dos edifícios", disse, na ocasião, o vereador. Lembre-se que esse talude está localizado numa obra de uma unidade de cuidados continuados de saúde da Misericórdia local, entretanto embargada pela autarquia, por questões de segurança.
As autoridades vão continuar a monitorizar as condições do terreno e das habitações e a situação "será reavaliada" nas próximas 24 horas.