O porta-voz dos trabalhadores da falida Fábrica de Mindelo, em Vila do Conde, morreu, esta quarta-feira, aos 86 anos.
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Durante 31 anos, bateu-se nos tribunais pelos direitos dos ex-funcionários da têxtil, cujo processo ainda não está concluído. O funeral realiza-se esta tarde, às 16.30 horas, na Igreja de São Francisco de Azurara (São Donato).
A Fábrica de Mindelo, à face da EN13, em pleno coração da Zona Industrial da Varziela, foi inaugurada a 27 de maio de 1951. Na década de 70, chegou a empregar 1600 pessoas, era uma das maiores têxteis da região e um dos maiores fornecedores de tecidos para fardas do exército português. Na década de 80, a Mindelo entrou em crise. Acabou por abrir falência e fechar portas em 1994, deixando 360 trabalhadores no desemprego e sem indemnização.
Fernando Gomes - o antigo bobinador da têxtil - tornou-se o rosto de uma luta, que travou até ao seu último dia. Em 2008 e 2010, os funcionários receberam, respetivamente, 52% e 30% dos 11 milhões de euros em dívida. A persistência do homem humilde deu frutos. Tornou-se um “herói” para os 360 colegas.
Na divisão dos bens, Fernando Gomes detetou, no entanto, que por “erro” a Caixa Geral de Depósitos (CGD) ficou com três milhões de euros, que, reclamava, pertenciam aos trabalhadores. Voltou à batalha, mas o processo ainda se arrasta nos tribunais.
O PSD de Vila do Conde tinha proposto o nome de Fernando Gomes para ser distinguido com a Medalha de Mérito da Cidade. Não chegou a concretizar-se.
O funeral de Fernando Gomes realiza-se hoje. Finda a missa de corpo presente, o porta-voz da Mindelo vai a enterrar no cemitério de Azurara.