Família fala em negligência com possível troca de exames e aguarda autópsia para apresentar queixa-crime
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Um homem de 76 anos, de Besteiros, Paredes, morreu na madrugada desta segunda-feira em casa, cerca de uma hora depois de ter alta do serviço de Urgência do Hospital Padre Américo, em Penafiel. A família acredita que houve negligência médica e aguarda o resultado da autópsia para apresentar queixa-crime
O estado de saúde de Emídio Pires estava a piorar. De há um mês para cá, a respiração já era apoiada por uma máquina de oxigénio, 24 horas por dia. Também tinha anorexia. Na quinta-feira da semana passada, conta a neta, tinha ido à Urgência porque estava cansado, não conseguia respirar, e "achava que a medicação que lhe tinham dado na semana anterior era muito forte, porque lhe dava vómitos e tonturas". Teve alta na sexta-feira de manhã, mas dormiu mal e deixou de conseguir urinar. Por isso, no sábado, voltou a dar entrada no Hospital de Penafiel. Ali ficou um dia e meio, a receber medicação e a fazer exames. "Era uma pessoa debilitada, desidratada, que não conseguia respirar sem a ajuda da máquina e esteve sentado, num cadeirão", relata Sara. Esteve sempre na sala de urgências, já que não havia vaga no internamento.
Ontem, domingo, por volta das 19 horas, "uma das médicas veio falar com a família e disse que era impensável dar-lhe alta" nesse dia, "que estava com uma infeção urinária grave e tinha de fazer medicação lá", explica a neta ao JN. Mas, às 23.45 horas, ligaram a uma das filhas a informar que o pai teve alta. Ela foi buscá-lo e levou-o a casa. "Quando chegou foi à casa de banho. Já só disse à minha tia que estava muito tonto e caiu para o lado", conta Sara Barbosa. Chamados os meios de socorro, Emídio já estava em paragem cardiorrespiratória. "A minha tia tem a certeza de que saiu daqui morto", sentencia. Foi transportado ao Hospital de Penafiel e a família pediu a autópsia que deve ser realizada entretanto.
"Temos a certeza que foi negligência médica. No meio dos exames do meu avô há umas análises em nome de Emídio Pinto e o meu avô é Emídio Pires e eram datadas do dia 7 e nesse dia ele nem sequer estava no hospital", revela Sara Barbosa, apontando para uma possível "troca de exames".
O Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa não respondeu as questões do JN, dizendo apenas que "a situação vai ser analisada com detalhe" e que "lamenta profundamente a morte", endereçando condolências aos familiares.