Tido pelos amigos como "um verdadeiro piloto" de motas, foi aos comandos de uma - a sua Suzuki 1000RR - que Américo Pereira morreu anteontem, sábado, à noite. O motard de Vila das Aves despistou-se na A11, em Felgueiras, quando ia jantar com a mulher e a filha.
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Américo terá vindo ao Mundo com alma de motard: Sérgio Castro, compadre em virtude de ter apadrinhado o seu filho mais velho, conta que, tinha o motociclista "seis ou sete anos, e 'roubava' a lambreta do pai, quando este ia trabalhar, para a conduzir". "Era apaixonado pelas motas desde os cinco ou seis anos. Foi sempre a paixão da vida dele", lembrava.
E - contavam ontem os companheiros que acorreram ao local do sinistro, a A11, na zona de Felgueiras - "ele não largou a mota" quando se despistou, cerca das 20 horas de anteontem, ficando preso nos rails da estrada. Faleceu ali, com o corpo entalado entre a estrada e a valeta. Foi infrutífero o socorro dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras.
Na tarde desse dia, o motociclista de 46 anos participara em duas concentrações de motards com "o grupo do costume" - cerca de 15 elementos do Moto Clube Campense, de S. Martinho do Campo (Santo Tirso), de que era sócio: uma em Famalicão e outra em Santa Quitéria, Felgueiras. Saíra mais cedo da última, com apenas outro motociclista, porque tinha um jantar combinado com a companheira e a filha de seis anos, contou, ao JN, Manuel Mendes, um dos amigos.
Segundo Paulo Teixeira, presidente daquela associação e um dos motards que participaram na iniciativa de anteontem, "quando o outro colega chegou ao local, ele já estava despistado. Ninguém viu ou sabe o que se passou", referiu, explicando que Américo circulava com avanço relativamente ao companheiro.
O acidente deu-se na zona de ligação da A11 à A7, quase à entrada desta auto-estrada, entre os quilómetros 54 e 55. Trata-se de "uma recta que chega ao fim de forma muito brusca, com uma curva muito perigosa, mesmo para quem anda de carro", notava Carlos Valente, presidente da Junta de Vila das Aves e amigo de Américo Pereira.
"É uma curva a 90 graus", reforçava Óscar Dinis, do Moto Clube Campense, salientando a "sinalética deficiente". De acordo com os colegas, o motard "não desfez a curva". Segundo os amigos, o corpo de Américo esteve no local três horas, o que gerou indignação.