Circuito da Boavista, apesar de considerado muito difícil, agrada aos pilotos. Primeira corrida reúne dezenas de Fiat.
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A competição regressa, hoje, logo a partir das 8 horas, ao Grande Prémio Histórico do Porto com as primeiras mangas do Desafio Único (FEUP 1 e FEUP 2), que reúne mais de cinco dezenas de Fiat Uno 45S e Fiat Punto 85.
Se tudo correr como o previsto, ou seja, com poucos incidentes, às 9.50 horas começa a corrida 1 da categoria Grande Turismo e Turismo (T/GT até 1966). Seguir-se-á a primeira corrida dos Turismo, GT, Sport e Protótipos (T/ GT/SP/PR até 1977).
Ainda antes de almoço entrarão em pista os Seat Leon para a adaptação dos participantes da corrida VIP. Até às 19 horas há animação garantida, com a realização das segundas mangas do Desafio Único.
De manhã, cerca das 10.45 horas, mais de meia centena de pilotos portugueses vão associar-se numa homenagem ao presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, oferecendo-lhe uma salva de prata. "É uma forma de agradecermos a coragem que ele teve ao relançar o circuito da Boavista", revelou Domingos Coutinho, um dos mentores da homenagem.
Ontem, à medida que a tarde ia entrando, o paddock foi-se animando. Sem o stresse típico das grandes corridas, há sempre tempo para trocar impressões com o mecânico do adversário, para apreciar os muitos automóveis presentes. Não falta quem vá ao "vizinho" pedir uma ferramenta emprestada.
Falam-se muitas línguas, mas todos entendem a linguagem universal daqueles motores à antiga, que não fundem chips, nem entram em modo de segurança porque um sensor fundiu.
Passa muita gente que parece andar sem rumo, que pretende ser vista, sem saber para onde olhar. Alguns incomodam-se com o roncar dos motores de competição. Como disse Stirling Moss, ontem, junto ao Osca 1100 e após ter terminado a sua sessão de treinos: "Não tape os ouvidos. Isto é música".
A pista do Circuito da Boavista merece o aplauso unânime dos pilotos, por ser "extremamente difícil, a exigir um carro equilibrado e muito coração", conforme referiu Domingos Coutinho, que corre com um BMW 2800 CS.
"É um bom circuito citadino, que marca a diferença entre bons e maus pilotos. Torna-se necessário fixar bem o traçado e não permite muitas distracções. É necessário ser um bom aluno", acrescentou Rui Lage, retirado há alguns anos da competição, mas sempre perto das pistas.
Apesar das dificuldades, Domingos Coutinho revelou que há momentos de descontracção. "A subida da Boavista dá para relaxar. O stresse começa na placa que assinala os 200 metros até à chicane. Depois é a concentração absoluta até entrarmos na estrada da Circunvalação. E aí é para descomprimir, de acelerador a fundo".
Para os pilotos, os circuitos citadinos têm ainda outro encanto, conforme explicou Domingos Coutinho: "Têm sempre muito público. Dá-nos muito gozo olhar para as bancadas e sentir que aquelas pessoas estão a olhar para nós".
Em termos de dificuldade, o piloto sublinhou que existem três boas pistas em Portugal: a Boavista, Vila Real e o Autódromo de Portimão. "Neles, com carros semelhantes, é o piloto que faz a diferença".