
Vereador Ricardo Costa sugeriu que a Câmara substituísse a Guimabus na realização de uma auditoria externa, imputando depois os custos à concessionária
Foto: Rui Dias
Guimabus não apresentou a auditoria externa, a que está obrigada contratualmente, nos últimos três anos.
A Câmara Municipal de Guimarães aprovou, na reunião da vereação desta segunda-feira, a aplicação de uma coima no valor de 88 mil euros à empresa concessionária do transporte público de passageiros no concelho, a Guimabus. Em causa está a falta de apresentação de auditorias externas, mas também irregularidades relacionadas com: horários, utilização de veículos não integrados na rede, aluguer de veículos e sistema informático de gestão. O presidente da Câmara de Guimarães, Ricardo Araújo, mantém o compromisso de evoluir para a gratuitidade dos transporte público.
O edil vimaranense diz ter ficado surpreendido quando os processos relativos aos incumprimentos da Guimabus lhe chegaram. "Dos oito processos, sete foram instaurados durante o anterior mandato, portanto, não percebo porque é que não lhes foi dado seguimento. Quando os recebi despachei logo", referiu o autarca. Em causa está a falta de apresentação pela operadora de transporte público no concelho de auditorias externas, previstas contratualmente, nos anos de 2022, 2023 e 2024 e outras irregularidades relacionadas com horários, utilização de veículos não integrados na rede, aluguer de viaturas e com o sistema informático de gestão.
O edil vimaranense adiantou ainda que o acordo entre a Guimabus e a Câmara, alcançado no mandato anterior, e que está a aguardar aprovação da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, vai ser suspenso. O novo Executivo não concorda com a possibilidade de a Guimabus ter o exclusivo do transporte rodoviário de passageiros no território do concelho, a partir de 2028, como estava previsto nesse documento. "A Ave Mobilidade faz dois milhões de quilómetros anuais no concelho e isso seria perdido. Queremos reabrir o processo negocial tendo em conta as nossas orientações políticas: mais quilómetros, mais frequência noturna e aos fins de semana; mais facilidade de acesso", apontou Ricardo Araújo. O autarca reconhece que existe um problema de linhas deficitárias da Guimabus, por estarem sobrepostas com as carreiras da Ave Mobilidade, mas recusa que a solução passe pela atribuição de um contrato de exclusividade. "Não se resolve o problema atribuindo exclusividade à Guimabus, privando os vimaranenses do serviço da Ave Mobilidade. Temos de conjugar os dois serviços, numa altura em que as CIM do Cávado e do Ave até estão a fazer um esforço de interoperabilidade. Guimarães estaria a caminhar no sentido contrário", pondera o presidente da Câmara.
Evoluir para a gratuitidade
O vereador socialista, Ricardo Costa, sugeriu que a Câmara substituísse a Guimabus na realização de uma auditoria externa, imputando depois os custos à concessionária. O objetivo seria verificar, de imediato, "se o serviço que está a ser pago está a ser prestado". Vânia Dias da Silva, a vereadora com o pelouro da Mobilidade, lembrou, contudo, que o que está previsto contratualmente para estas situações é a aplicação de coimas. Ricardo Araújo terminou dizendo que "é importante que a empresa [Guimabus] tenha equilíbrio económico-financeiro", mas que isso tem que ser garantido salvaguardando o interesse dos vimaranenses. O autarca reafirmou a vontade de avançar com um passe de rede único e de "evoluir para a gratuitidade".

