Indignação em Vila do Conde com demora na reparação na EN306. Infraestruturas de Portugal não consegue contactar o proprietário.
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A EN306 está cortada há cerca de mês e meio devido à queda de um muro junto ao cruzamento de Nove Irmãos, em Modivas, Vila do Conde. Desde então, a freguesia de Gião ficou "isolada".
Os moradores queixam-se dos transtornos. Os comerciantes falam em "quebras de 50% no negócio". A Câmara explica que não pode abrir a rua sem que o muro seja reparado. A Infraestruturas de Portugal (IP) diz não conseguir contactar o proprietário. A empresa garante que, caso o dono continue a não responder, fará a obra e imputar-lhe-á os custos, mas é preciso "deixar passar os prazos legais", que não especificou.
"Ligo para a Câmara, dizem que nos apoiam, mas não podem fazer nada. Eles [proprietário e IP] não se entendem e nós é que estamos aqui isolados!", afirmou indignado ao JN Paulo Costa, dono da Churrasqueira São Martinho.
Tem o restaurante a 500 metros do "corte" da EN306. Ficava a 1,5 quilómetros da EN13, boa estrada, negócio a correr. Agora, o percurso é de mais de cinco quilómetros por "vias secundárias, cheias de curvas, estreitinhas, onde, nalguns troços, não se cruzam dois carros, o trânsito é alternado e, muitas vezes, com filas". Resultado? Os clientes "fugiram". E o que mais revolta Paulo Costa é "não haver solução à vista".
Foi a 20 de dezembro, último dia da tempestade Elsa, que o muro de uma propriedade privada desabou parcialmente sobre a EN306. Ao local foram os bombeiros, a Proteção Civil e a IP, responsável pelas estradas nacionais.
Risco de derrocada
Após o diagnóstico, verificou-se que o muro, com cerca de 100 metros de extensão e cinco de altura, está, "todo ele, em risco de derrocada". "Face ao perigo", a IP decidiu cortar ao trânsito a EN306. O trânsito foi desviado por estradas municipais e a ligação da EN13 a Gião, que se fazia num quilómetro, passou a fazer-se em cinco, com um desvio que obriga a ir à vizinha freguesia de Malta.
Seguiu-se a tentativa de localizar o proprietário para fazer as obras de reparação, mas até hoje sem sucesso, afirma a IP. "Apesar de terem sido efetuadas várias notificações, de acordo com os procedimentos legais, não tivemos, até data, qualquer resposta por parte do proprietário", refere ao JN.
"A maior parte dos negócios vive do trânsito de passagem. Agora, não passa aqui ninguém", reclama Paulo Costa. Mais à frente, no café Principal, Júlio Coelho conta uma história que se repete: "Tinha um cliente de Leça da Palmeira (Matosinhos) que vinha todos os dias tomar o pequeno-almoço. Já me disse: "Júlio só volto quando a estrada estiver pronta"".
A Câmara diz estar "a tentar sensibilizar o proprietário do terreno e a IP para um rápido entendimento", mas, sendo a estrada nacional, não pode assumir a sua abertura.