<p>Carregadas de sacos, Goretti Torres, a filha Rute e a enteada Liliana deram por terminadas, ontem, segunda-feira, as compras de Natal. </p>
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Mas os "últimos miminhos", como lhes chamaram, não foram para casa dentro de sacas chiques de lojas de renome internacional. Nem sequer embrulhadas. Contudo, os sorrisos que Goretti, Rute e Liliana levavam no rosto davam mostras suficientes de satisfação.
"Somos aqui de Espinho e é claro que não podíamos deixar de vir fazer compras à feira", explicou Goretti Torres, uma das pessoas, entre milhares, contando-se entre elas muitos emigrantes, que ontem não deixaram escapar aquela é uma das maiores feiras do ano, em Espinho, e por conseguinte, uma das maiores do país.
Tradicionalmente, a feira de Natal, que desta vez calhou mesmo à certa, a poucos dias da festa, é das mais concorridas e das mais coloridas. As pirâmides de figos secos, os montes de pinhões, as suculentas cerejas e mesmo os exóticos abacaxis faziam lembrar mercados das terras das Mil e Uma Noites. Mesmo com as pencas acabadas de chegar da horta.
Ainda assim, dizem os feirantes, o dia poderia ter corrido melhor, não fosse o mau tempo e, inevitavelmente, a falta de dinheiro.
"As pessoas não deixam de comprar os seus frutos secos, como é tradição, mas levam só um bocadinho de cada. E nem é pelo preço, porque não há diferença em relação ao ano passado, mas as pessoas é que têm menos dinheiro", explicou Manuel Cunha, vendedor de frutas.
"Esta feira costuma ser boa, mas desta vez o negócio não está a correr lá muito bem, pelo menos no meu caso. O mau tempo e, sobretudo, a previsão que deram ontem (anteontem) afastou muita gente. Muitos vêm de longe, de comboio, e ninguém quer andar à chuva, quando têm os hipermercados", lamentou Manuela Coelho, vendedora de roupa de casa.
Quem não se pôde queixar foram os vendedores de etnia cigana, muito procurados. "Onde mais conseguiria calças por um euro? Ou umas botas por 10? Claro que não são de marca, mas, ao fim ao cabo, duram tanto como as das lojas", fez notar Goretti Torres.
Contente com o que levava na saca ia também Raquel. A avó, Etelvina Pereira, que este ano havia resolvido dar dinheiro aos netos como prenda de Natal, acabou por oferecer-lhe um camisolão, "dos que se usam com leggings". Ajudar a carregar os sacos e fazer companhia aos avós tem as suas compensações.