Mais de uma centena já fez formação, há outras tantas para começar em janeiro, duas já pediram carta de artesão, há 130 pessoas à espera de ter uma camisola poveira. A velhinha camisola do pescador com mais de 150 anos, que, em março, foi notícia em todo o mundo, continua "em alta". A certificação deve chegar no início da primavera.
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"Quem se mete com um poveiro, "leva". A Tory Burch serviu para nos unir, para nos dar a conhecer ao mundo", afirmou o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, referindo-se à polémica com a estilista norte-americana, que, em março, pôs uma camisola poveira à venda como se de criação original sua se tratasse. Esta quarta-feira, foi inaugurado o novo Centro Interpretativo e 8 de dezembro será, a partir de agora, o Dia da Camisola Poveira.
A americana, explicou ainda, já reconheceu a "utilização abusiva" e o acordo deverá ser fechado "dentro de pouco tempo". Aires Pereira diz que não é o dinheiro que move a Autarquia. "É a apropriação de um património que é nosso. Houve muita gente que morreu com esta camisola vestida. Não pode ser usada sem esse sentimento de respeito", frisou.
O caso Tory Burch "acordou" a Póvoa, que se revoltou em uníssono. Oito meses depois, a polémica já dá frutos: arrancaram os cursos - de ocupação de tempos livres e de formação profissional - e há, agora, mais gente a fazer camisolas, nasceu o Centro Interpretativo, avança a certificação.
"O caderno de especificações da camisola poveira foi aprovado ontem", afirmou Luís Rocha, o diretor do CEARTE - Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património. Era o passo mais importante. Agora, falta a publicação em Diário da República e o registo no Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Deverá estar tudo pronto lá para o início da primavera.
Nesta quarta-feira, as primeiras formandas receberam os diplomas. Aires Pereira lançou-lhes o desafio: "Ainda temos 130 encomendas às quais não conseguimos responder. Pode ser um próximo passo para vocês". Em março, a "chuva" de pedidos foi o primeiro efeito Tory Burch. Eram mais de 300. Ali, diz o edil, nunca haverá "industrialização". Quem quer uma camisola poveira original, terá que esperar.
"Quando comecei o curso, nem sequer sabia fazer malha. No fim, fiz a minha própria camisola e já criamos o grupo "Sarilho e Meio" para promover e divulgar a camisola poveira", afirmou Josefina Delgado, de 59 anos e coordenadora de eventos, uma das formandas.
"Gosto de aprender e de manualidades. Já fiz a camisola poveira do Rocha Peixoto e promovi, com a minha escola - a Secundária Rocha Peixoto -, a atividade: "Veste a camisola"", referiu, por sua vez, Laura Brito, professora de 54 anos e também formanda.