<p>Atribui a vitória ao "espírito nobre e trabalhador do povo", mas Inácio Ribeiro não é um vencedor autárquico igual aos outros. </p>
Corpo do artigo
Ficará conhecido como o homem que destronou Fátima Felgueiras e aquilo que promete para o seu concelho - consenso entre forças partidárias, rigor orçamental, trabalho incansável - será certamente muito vigiado.
Quando dedicou a vitória ao povo honesto e trabalhador de Felgueiras que mensagem quis passar?
O comportamento da Comunicação Social foi de estupefacção pela mudança, porque tem havido algumas imagens de marca que não correspondem àquela que é a imagem real deste povo e desta terra. Portanto, esta vitória foi uma lição, um exemplo, para a Democracia, para a Justiça e para a Liberdade. Não foi o Inácio Ribeiro quem ganhou, mas foi este espírito nobre e trabalhador do povo de Felgueiras.
A Coligação com o CDS/PP pesou na a vitória eleitoral?
Pesou tudo. A coligação "Nova Esperança" tem duas bandeiras fortes: o PPD/PSD e CDS/PP, mas, também, tem muita boa gente de outros quadrantes político-partidários. Temos gente nas listas que são bem à Esquerda, mas entenderam ser esta uma coligação de gente boa desta terra e capaz de dar boa imagem do concelho.
Apesar de ter ganho com maioria, está aberto a negociações com outras forças políticas?
Não se trata de negociar por negociar. Trata-se de prudência e discernimento suficientes para vermos o que é essencial para o concelho. Quem me conhece, sabe que não é por aí que vai haver problemas. Eu sou assim, sou um democrata. Nunca impus nada a ninguém. Agora exijo é que, quem está comigo tem que ter opinião e tem que assumir a opinião que tem; tem que se responsabilizar e correr à minha frente, do ponto de vista do trabalho. Aliás um bom exemplo disso é que, após o segundo dia sobre o acto eleitoral, mandei retirar a publicidade política, porque temos de ser nós os primeiros a dar o exemplo do quanto temos de contribuir para o bem-estar de todos.
Tem essa tarefa de recuperar a boa imagem de Felgueiras?
Eu não diria que é uma tarefa, só apenas pretendo recentrar, no essencial, aquilo que é a visão dos outros sobre nós e de nós próprios sobre nós.
Já pensou que Câmara vai encontrar?
Penso e não penso, não sou muito ansioso com estas coisas. Fiz um percurso eleitoral tranquilíssimo e estou neste pós-acto eleitoral a caminhar também tranquilíssimo. Tenho uma noção clara, muito clara, da forma como foi gerida a Câmara, há vinte anos que acompanho com regularidade, intensidade e profundidade tudo o que se passa na autarquia, por dentro.Não vou ficar muito espantado com o que encontrar na Câmara, agora não vou estar aqui a fazer previsões.
É a sua costela de economista…
O primeiro diagnóstico é ver quais são os recursos que o município tem e até onde podem ir esses recursos.
Recursos técnicos, humanos, financeiros?...
Tudo, tudo.
Irá fazer uma auditoria?
A auditoria pode ser um instrumento, entre outros, para aferir dos recursos.
Vai ser um gestor puro e duro, como economista que é, ou vai ser um gestor político da autarquia?
Tenho de juntar as duas cambiantes. A questão da gestão pura e dura, sobretudo ao nível técnico-financeiro, sê-lo-á na medida do justificável, do aceitável e do exigível. Haverá componentes políticas que são relevantes como, por exemplo, o contributo para a boa disposição e para o lazer, mas também passa muito pela gestão dos dinheiros públicos . Sei que do ponto de vista dos números conseguirei resolver muitos problemas sendo rigoroso.
Como é que explica que um concelho tão industrial como Felgueiras não tenha uma zona industrial?
Pela incompetência política de quem esteve à frente dos destinos do concelho.
Há, ainda, uma rede insuficiente de abastecimento público de água e saneamento.
Veja só o disparate, o quão bizarro que é! Não havendo uma rede de água pública não falta aí quem, não tendo água pública, paga como se a tivesse! Se a gestão autárquica chega a este ponto de bizarrice, imagine se pode encontrar massa cinzenta, competência técnica, política ou qualquer estratégica para antecipar, por exemplo, parques industriais.
Felgueiras tem de mexer no PDM?
A escola de gestão implantada até aqui na Câmara foi quem produziu esse PDM. Essa escola de gestão já avançou e recuou muitas vezes e foi sendo conveniente que o PDM estivesse assim porque, mais do que fazer um fato à medida e em condições, ia fazendo remendos em função de aparentes necessidades.
Vai ser um presidente de consenso ou de rupturas?
Não tenho dúvidas que é fácil trabalhar comigo e encontrar consenso, mas onde tiver de haver ruptura, haverá ruptura. Não tenho complexos nenhuns.
Já falou com a Doutora Fátima Felgueiras?
Apenas no dia das eleições quando me felicitou por telefone.
Sente que tem de expiar fantasmas do passado?
Não, não há fantasmas do passado. O que há agora é uma nova geração. A minha vitória representa uma renovação geracional intensa, e não só nos órgãos autárquicos, até porque a dinâmica da campanha revelou isso mesmo. Que estávamos no caminho certo da mudança de geração.