Maioria dos trabalhadores transferida para edifícios junto às instalações da empresa que arderam na zona industrial do Porto.
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Ainda se respirava fumo e um intenso cheiro a queimado, ontem de manhã, junto às instalações da Auto Sueco, na zona industrial do Porto, onde os Sapadores Bombeiros amanheceram em operações de rescaldo que se prolongaram pelo resto do dia, com a remoção dos escombros.
A noite passou-se em vigilância e a fazer frente a pequenos focos de incêndio provocados por materiais que ficaram soterrados após o colapso da cobertura do edifício anteontem devorado pelas chamas, como explicou o comandante dos Sapadores, Carlos Marques. Entretanto, os próximos dias serão de redefinição para as cerca de 140 pessoas que trabalhavam nos escritórios e armazéns das três empresas do grupo Nors - Auto Sueco Portugal, Aftermarket Portugal e da Amplitude Seguros - que foram atingidas pelas chamas.
"Pior incidente"
A "larga maioria" daqueles funcionários começou, ontem, "a trabalhar em dois edifícios do grupo na Rua Manuel Pinto de Azevedo" [abaixo das instalações destruídas pelo incêndio], de forma a "minimizar o impacto do pior incidente nos 91 anos de história do grupo", indicou o Nors, em comunicado. Na mesma informação, o grupo esclarece que "os colaboradores com funções operacionais nos armazéns afetados serão, nesta fase, dispensados de apresentação ao local de trabalho, assegurando-se a manutenção da sua remuneração".
"Não há nenhum posto de trabalho colocado em causa, nem vencimento", assegurou ao JN Sérgio Monteiro, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras - SITE Norte, afeto à CGTP, adiantando que, "relativamente aos trabalhadores que estão nos serviços administrativos, vai ser facultado, para já, o teletrabalho".
O dirigente sindical do SITE revelou ainda que, antes do incêndio, já se desenhava uma mudança num horizonte próximo: em setembro, a unidade iria ser transferida para o concelho de Matosinhos. "Estava prevista a deslocação [da Auto Sueco] para junto do Mar Shopping, a partir de 1 de setembro, o que deverá agora acontecer mais cedo", avançou Sérgio Monteiro.
Líder da CGTP desolado
Funcionário da Auto Sueco, mas na oficina de pesados, no concelho da Maia, o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, lembrou, ao JN, que teve o "primeiro posto de trabalho" nas instalações da zona industrial do Porto, onde "a empresa nasceu".
"Foi ali que se criaram as raízes, e é desolador ver aquilo desaparecer", confessou o líder da intersindical, referindo o "simbolismo" que o edifício tinha para o Nors. Tiago Oliveira disse ter a garantia da empresa da "manutenção dos postos de trabalho".
História: uma empresa familiar desde a fundação
O grupo português Nors tem 90 anos de história e assume-se como "uma empresa familiar desde a sua fundação", estando "atualmente presente em 17 países, em quatro continentes". A operar nos setores da mobilidade pesada e equipamentos de construção, é um dos principais parceiros do Grupo Volvo desde 1933, ano em que Luíz Óscar Jervell, antepassado do atual CEO do grupo, Tomás Jervell, se tornou representante da Volvo em Portugal. A Auto Sueco só seria registada em 1949, quando Luíz se junta a Yngvar Poppe Jensen. A empresa torna-se, então, na importadora de veículos ligeiros da sueca Volvo.