Vendedores de calçado boicotam venda. Lugares atribuídos em S. Cosme, Gondomar, causam revolta. Câmara diz que processo foi igual para todos.
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Os 21 vendedores de calçado da feira de S. Cosme, em Gondomar, não montaram, esta quinta-feira, as bancas, alegando "falta de condições" e prometem, na próxima quinta-feira, bloquear a entrada no recinto no Parque dos Castanheiros se a Câmara não atender às suas reivindicações. Em causa, entre outras queixas, está "a falta de espaço entre as bancas", por conta da redistribuição de lugares que houve na sequência da mudança da feira para junto do Pavilhão Multiúsos.
A vereadora das Feiras e Mercados da Câmara de Gondomar, Aurora Vieira, assegura que "todo o processo de mudança foi igual para todos, preservando os contratos que existiam".
"Com lugares de seis metros de largura, e uma vez que esse é também o comprimento das nossas carrinhas, não conseguimos abrir as portas e descarregar a mercadoria sem estarmos em cima dos colegas do lado", denunciou David Pinheiro, 59 anos, há 35 nesta feira. Criticando o facto da distribuição dos espaços "não ter sido transparente", uma vez que houve alguns que "foram atribuídos de forma direta", os vendedores de calçado apontaram para lugares que ficaram vazios, enquanto eles "estão uns em cima dos outros".
Aurora Vieira garante que as críticas "não têm fundamento", sublinhando que "todos os lugares foram atribuídos por sorteio".
Piso enlameado
Às queixas quanto à redistribuição da feira, juntam-se as reclamações relativamente ao piso, que "em dias de chuva fica todo enlameado". "Foi-nos prometido que a Autarquia ia ter em conta as nossas queixas e, afinal, nada fizeram, o que nos leva a pensar em tomar uma atitude mais radical e bloquear a entrada da feira na próxima quinta-feira", assumiu David Pinheiro, que logo teve a concordância dos restantes colegas.
"Não cabemos aqui todos", desabafou Alexandrina Simões, 55 anos, denunciando que não tem os metros que lhe atribuíram. "Estou a pagar um lugar de 32 m2, quando afinal só tenho 30."
À falta das "prometidas casas de banho amovíveis" - continuando a feira a funcionar apenas com um WC masculino e outro feminino -, os vendedores tecem igualmente críticas ao facto de a zona dos produtos alimentares estar a laborar "sem água canalizada nem pontos de luz, funcionando com um gerador". "Bem sei que é provisório, mas aguentar o dia todo com este barulho é complicado. Uma pessoa sai daqui com a cabeça em água", referiu Américo Barbosa. Ao JN, a vereadora prometeu resolver "o mais breve possível" a questão da eletricidade e da água canalizada", assim como a colocação dos quartos de banho amovíveis.
Associações
Joaquim Santos, da Associação de Feirantes do Distrito do Porto, Douro e Minho, não tem dúvidas de que a mudança da feira "foi um processo mal conduzido". Já Fernando Sá, da Associação de Feiras e Mercados da Região Norte, defendeu que uma das soluções seria "fazer uma redistribuição dos lugares vagos".
A saber
200 feirantes vendem em S. Cosme
A feira que se mudou para o Parque dos Castanheiros decorre à quinta-feira, das 7 às 19 horas. Os negócios estão distribuídos por setores.
Soluções
Joaquim Santos, da Associação de Feirantes do Distrito do Porto, Douro e Minho, diz que "uma forma de resolver o problema seria pôr os lugares de seis metros alternados". "A questão deve ser vista caso a caso, fazendo reajustes", refere, por sua vez, Fernando Sá, da Associação de Feiras e Mercados da Região Norte.
Avaliação
"Todas as situações que em equidade de circunstâncias sejam apresentadas serão resolvidas. Durante os próximos dois meses, o Município fará uma avaliação da situação da feira", assinalou Aurora Vieira.