Os vendedores da feira de S. Cosme, em Gondomar, estão contra a mudança para o Parque dos Castanheiros.
Corpo do artigo
Esta quinta-feira foi a última vez que os vendedores da feira semanal de S. Cosme, no centro de Gondomar, fizeram negócio neste recinto.
Na próxima semana, os comerciantes já vão estar de bancas montadas no Parque dos Castanheiros, junto ao pavilhão Multiúsos. Esta já era a alternativa quando, por altura das três semanas das festas do concelho, eram colocados os divertimentos no recinto da feira.
O presidente da Câmara, Marco Martins, não tem dúvidas de que "passará a ser mais fácil o estacionamento dos clientes e a própria feira ficará mais ordenada", mas os feirantes temem que o novo local, distanciado do centro de S. Cosme leve ao afastamento dos clientes.
"Os nossos clientes têm mais de 50 anos, são pessoas aqui do centro de Gondomar que vêm à feira a pé. Não são a gente nova, porque essa vai fazer compras aos centros comerciais. Por isso, quem vai lá para longe comprar?", questiona Clara Neto, criticando o facto de não terem sido "informados que era preciso colocar um novo requerimento" para se habilitarem aos lugares no novo recinto.
Albino Almeida, que vende na feira de S. Cosme há 29 anos, é dos vão desistir do lugar. "Não gosto do local da outra e não acredito que vá para lá alguém fazer compras. Só se for uma urgência", explicou o comerciante, convicto de que a mudança "foi um arrumar dos feirantes do centro". "Aqui agora [com a abertura do novo parque urbano] não ficava bonito", sublinhou.
Também Américo Barbosa, vendedor de cestos, acredita que "estão a matar a feira de S. Cosme", salientando que o processo de transferência "tem sido uma vergonha". "Não passaram cavaco aos feirantes e ficamos a saber da mudança através de uns panfletos que foram distribuídos apenas na semana passada", criticou.
"Aqui passa muita gente, porque as pessoas vêm ao centro fazer um recado, ou vão ao cemitério, e acabam por passar na feira. Agora no outro sítio, descampado, é para o negócio morrer", sentenciou Manuel Campos.
O desalento estava, esta quinta-feira, espelhado na cara de muitos vendedores. "Vamos indo e vamos vendo", diziam num tom de desconfiança.
Temem pelo futuro dos negócios
Fátima Monteiro, que vende na feira de S. Cosme há 35 anos, conhece o Parque dos Castanheiros, e além de criticar o facto de o recinto "ser muito longe" [junto aos acessos da autoestrada], quando chove "fica todo enlameado e cheio de poças".
"Viemos para esta parte coberta, porque como vendemos bens alimentares sempre havia outro cuidado com a exposição dos produtos. Sempre nos disseram que iríamos para melhor e afinal é o que se sabe. Não estou nada contente", referiu.
Fátima conta que sempre que a feira mudava para o local provisório, por conta das festas, "preferia não ir".
O mesmo fazia Maria Coelho: "Os meus colegas sempre disseram que aquele local não valia nada, por isso até estou com receio".
Também os comerciantes com estabelecimentos à volta do atual recinto da feira temem pelo futuro do seu negócio. "Os meus pais abririam esta casa há mais de 50 anos e claro que a quinta-feira é sempre o dia que corre melhor por causa da feira. Sem esta gente toda não sei como isto vai correr", desabafou uma comerciante, que preferiu o anonimato.
Contactada a Câmara de Gondomar, fonte do Município começou por lembrar que os autocarros deixam de terminar o serviço no Souto, neste dia da semana, e passam a parar junto ao Multiúsos.
Já sobre a falta de informação apontada pelos feirantes, a mesma fonte referiu "que a comunicação foi feita às associações de feirantes em julho", acrescentando que a vereadora responsável pelo pelouro dos mercados e das feiras, Aurora Vieira, "anda desde abril a reunir para definição dos lugares".
Do mesmo modo, foi garantido que os valores já pagos pelos feirantes "serão creditados ou devolvidos, caso seja necessário, em função das novas áreas", explicando que, "sendo o espaço do Parque dos Castanheiros diferente, e por uma questão de transparência, tinha que voltar a haver sorteio de lugares".
Já em relação às críticas feitas ao piso, fonte da autarquia explicou que "aquele solo é reserva e não pode sofrer impermeabilização, daí ter aquele tipo de pavimento, onde nunca se verificaram problemas".
A feira de S. Cosme decorre à quinta-feira, entre as 7 e as 19 horas, e é composta por 201 feirantes.