Incendiou-se a 16 de fevereiro e estava a ser rebocado. Tinha perto de quatro mil veículos a bordo. Autoridades monitorizam local.
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Treze dias depois de começar a arder, o navio "Felicity Ace" afundou, na manhã desta terça-feira, ao largo dos Açores. E com ele foram ao fundo cerca de 4000 viaturas de luxo que, segundo o Jornal de Negócios, seriam das marcas Porsche, Audi, Lamborghini e Volkswagen e teriam um valor de mercado de mais de 100 milhões de euros. Nos próximos dias a Marinha e a Força Aérea vão vigiar a zona, para evitar um possível desastre ambiental.
A odisseia começou a 16 de fevereiro. O "Felicity Ace", um navio de carga com 200 metros e bandeira do Panamá, com destino aos Estados Unidos, navegada a 90 milhas da ilha do Faial, Açores, ou seja, a cerca de 166 quilómetros de terra e ainda dentro da Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa, quando se incendiou. Os 22 tripulantes foram resgatados e transportados para o aeroporto da Horta, sem ferimentos.
As causas do incêndio não são conhecidas (nem se trata de uma área de jurisdição portuguesa). Certo é que o navio, em chamas, "ficou à deriva uns dias, porque ninguém se conseguia aproximar, aquilo era um forno em chamas", descreve o comandante Mendes Cabeças, da Capitania do Porto da Horta. Ainda assim, rebocadores, com canhões de água, tentaram arrefecer a embarcação.
Estabilidade comprometida
No dia 24 o fogo acabou por se apagar por si próprio, "possivelmente por ter extinguido toda a matéria combustível no interior do navio", estima o comandante, explicando que nessa altura começou a ser rebocado. Mas, durante esse processo, detetou-se um "descaimento na ré", sinais de "instabilidade e insegurança". A estabilidade terá sido comprometida por entrada de água, apesar do barco "não aparentar rombos". "Poderá ter entrado pelos acessos normais, dos sistemas de arrefecimento de máquinas, ou por fissuras na chapa que não se viam", frisa o comandante.
O "Felicity Ace" estava já fora da ZEE quando se "afundou, ficando a uma profundidade de 3500 metros. Não é perigo para a navegação", garantiu.
O navio permanecerá no fundo, mas a situação vai ser monitorizada devido a possíveis focos de poluição. Em comunicado, a Marinha explica que no local "registam-se alguns destroços e uma pequena mancha de resíduos oleosos, que está a ser dispersa pelos jatos de água dos rebocadores e que se encontra a ser monitorizada pela Direção de Combate à Poluição da Autoridade Marítima Nacional e pela Agência Europeia da Segurança Marítima".
Está igualmente previsto "um empenhamento de uma aeronave C-295 da Força Aérea portuguesa" e a Marinha continua a "acompanhar a situação, nomeadamente através do Instituto Hidrográfico, que mantém a atualização dos cálculos da deriva da mancha atual".
O navio patrulha oceânico Setúbal irá também continuar a monitorizar o caso. A bordo seguem "mergulhadores e material de combate à poluição, nomeadamente barreiras oceânicas de proteção/contenção de poluição".