<p>A negligência sobre crianças e jovens no concelho de Cinfães aumentou de 32 casos, em 2007, para 77, em 2008. A maioria das situações sinalizadas, materiais e afectivas, decorre da fragilidade das competências parentais.</p>
Corpo do artigo
Os processos por negligência tratados pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Cinfães vão desde a omissão de cuidados de higiene, vestuário, saúde e alimentação, até à ausência de afectividade familiar e particularmente parental.
Crianças que saem para a escola mal alimentadas, mal vestidas, doentes, carentes de carinho e de cuidados mínimos, dominam as queixas. Que se juntam a outras, tão ou mais graves [ver infografia], que podem ir aos maus-tratos físicos e abuso sexual.
O relatório anual de actividades e avaliação da CPCJ de Cinfães revela que, no ano passado, contando as situações que transitaram do anterior, foram tratados 145 casos. O ano encerrou com 104 processos activos.
A maioria das denúncias de ofensas a crianças e jovens chega à comissão através das escolas (46), Segurança Social (21) vizinhos (17), familiares e dos próprios menores (12).
Além da negligência, à CPCJ chegaram outras situações preocupantes, como o abandono escolar, maus-tratos físicos e psicológicos, abuso sexual e abandono.
Os grupos entre 6/10 e 15/17 anos registaram a maior incidência de perigo. Cinfães (23 processos) e Nespereira (20) foram as localidades com mais casos.
A presidente da CPCJ de Cinfães, também vereadora municipal com o pelouro Social, Fátima Sousa, justifica o aumento de ocorrências de negligência com o facto de a instituição estar ainda a dar os primeiros passos.
"A comissão foi criada em 2006 e acaba por ser natural que muitos casos que estavam na sombra comecem a ser sinalizados. Creio que o aumento registado de um ano para o outro tem muito a ver com isso", declarou.
Apesar disso, a responsável reconhece que no concelho, e pese embora o "esforço enorme" de todas as entidades que integram a comissão, particularmente da Câmara Municipal de Cinfães, "subsistem casos que nos preocupam e que decorrem da falta de competências dos agregados, na sua maioria famílias com habilitação académica que não vai além do 1.º ciclo de escolaridade".