André e António desapareceram, esta sexta-feira, nas águas do Douro. Um dia depois, o Areinho de Oliveira do Douro, Gaia, quase que fazia mais uma vítima. Valeu ao rapaz negligente um braço amigo de um bombeiro que o ajudou a sair da água quando já estava em dificuldades.
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Este sábado, centenas de pessoas passaram por cima da tragédia do dia anterior e entraram nas traiçoeiras águas do rio. Nem mesmo a presença e os avisos dos nadadores- salvadores destacados evitaram os banhos proibidos.
"Nós dizemos o que é melhor para as pessoas. Umas aceitam, outras nem por isso", lamentava um nadador-salvador. E, entre habituais do Areinho e jovens festivaleiros do Postive Vibes, foram muitos a aventurarem-se rio adentro, até terem a água bem acima da cintura.
"Esta é uma zona muito complicada. Tem fundões e correntes completamente aleatórias que arrastam uma pessoa por muito bem que possa nadar", explicava Martins dos Santos, capitão do Porto do Douro. "Infelizmente, e assim o vamos testemunhando, a sensibilidade para estes perigos não chega a todas as pessoas."
Até os experientes mergulhadores tinham dificuldades com a "corrente bastante forte e visibilidade muito má. Se conseguirem ver um metro, já é muito." Mesmo assim, dez mergulhadores e seis operacionais dos Sapadores de Gaia, dos Voluntários de Avintes e de Valadares, da Polícia Marítima e da Estação de Salva-Vidas da Foz do Douro não desistiram de procurar os corpos dos dois irmãos, de 18 e 20 anos, naturais de Mafamude. Mas, não conseguiram e às 18.30 horas as buscas foram suspensas.
Hoje à tarde, o festival reggae Positive Vibes, no Areinho, lá começou, um dia depois do planeado. "Os jovens aceitaram muito bem a decisão de adiar o evento. A dignidade tem um preço e este foi o preço que aceitámos pagar em respeito pela dor da família e da população. Não houve praticamente reclamações", garantia Jorge Silva, do Positive Vibes.