A origem de duas espécies de moscas que foram apenas observadas na Carrapateira, na costa ocidental algarvia, é desconhecida e pode nunca vir a conhecer-se porque são exclusivas daquela zona, disse à Lusa um entomologista envolvido na descoberta.
Corpo do artigo
As duas espécies são a Empidideicus carrapateira e a Empidideicus inesae, cujos nomes são uma homenagem ao local da descoberta e à filha do entomologista Jorge Almeida, que se chama Inês, contou à Lusa o investigador que, em conjunto com Rui Andrade, descobriu as espécies em 2011.
"Desconhecemos a razão [de apenas existirem na Carrapateira]. Já tentámos ver se havia mais a norte, e, até hoje, não há quaisquer registos. Não sabemos sequer sobre a sua origem", disse Jorge Almeida à Lusa, reconhecendo que poderá nunca se saber ao certo "o que terá sido o fluxo destas moscas".
Descritas em março deste ano num artigo da revista científica Bishop Musem Occasional Papers assinado pelos dois portugueses e por Neal Evenhuis, as duas espécies têm menos de dois milímetros e o que as diferencia é a sua coloração: a da Empidideicus carrapateira é preta e a da Empidideicus inesae amarelada.
Há muitas incógnitas
O facto de, até hoje, apenas terem sido encontradas na Carrapateira, no concelho de Aljezur, permanece um mistério: "Há muitas incógnitas, e a praticamente inexistente rede de observações desta ordem de insetos torna difícil sabermos as respostas" acerca da sua origem, refere Jorge Almeida.
Segundo o entomologista amador, que já esteve ligado à Universidade de Coimbra, a primeira vez que observou, com Rui Andrade, moscas Empidideicus em Portugal foi nas dunas da Apúlia, no concelho de Esposende, em 2008.
Só mais tarde, com a ajuda do especialista Neal Evenhuis, entomologista que os ajudou a identificar a espécie Empidideicus hackmani e que trabalha no J. Linsley Gressitt Center for Research in Entomology, no Bishop Museum, no Havai, se aperceberam que eram novas para a ciência.
"Só soubemos que algumas delas eram novas para a ciência quando enviámos o material para o Neal Evenhuis, que as comparou com as outras espécies descritas de Empidideicus e chegou à conclusão que estas eram diferentes", relata