A Câmara do Porto prepara-se para, "nas próximas semanas", apresentar a primeira proposta de pedonalização da cidade. O objetivo é condicionar ao trânsito cerca de metade das ruas do centro e da Baixa. O plano será implementado gradualmente, quando as obras do metro estiverem concluídas.
Corpo do artigo
Dos cinco quilómetros pedonais atualmente existentes no Porto, o objetivo do Município é chegar aos 30 quilómetros. O plano a ser traçado nesse sentido está a entrar nos remates finais, apontou o vereador do Urbanismo na Câmara do Porto, Pedro Baganha, e a primeira proposta "será apresentada nas próximas semanas".
Este condicionamento será feito através "de Zonas de Acesso Automóvel Condicionado (ZAAC), da pedonalização dos espaços, ou da diminuição da velocidade de circulação", acrescenta o vereador, indicando que o trabalho está a ser feito também em conjunto com a STCP. Este é "um projeto que, no fundo, determina como a cidade vai reabrir depois do final das obras do metro". "Será implementado de forma gradual, mas parece-nos que, com a densificação de transportes coletivos que o metro vai introduzir, faz sentido pensarmos na cidade de outra forma", afirma Pedro Baganha.
"Temos o objetivo de chegar a 2030 com neutralidade de emissões. Naturalmente, isso vai obrigar-nos a fazer isto mesmo. Temos que implementar medidas desta natureza, não só porque entendemos que a mobilidade, nomeadamente com as obras do metro, ficará facilitada, mas também porque queremos uma cidade, em termos ambientais e de sustentabilidade, diferente daquilo que é hoje, e é para isso que estas obras estão a ser feitas", acrescenta o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.
"A minha esperança é a de que isto melhore"
A novidade foi avançada na manhã desta segunda-feira, à margem de uma visita do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, à Rua de Alexandre Braga, que foi recentemente pedonalizada. A empreitada foi a primeira concluída pelo Gabinete do Espaço Público. Naquela artéria, serão ainda instaladas caixas com árvores e permitida a instalação de esplanadas. "Pretendemos que esta seja uma rua de fruição", diz o autarca.
Entre os comerciantes, espera-se que o negócio possa crescer nos próximos tempos já que os últimos meses "têm sido muito maus". Há quem se queixe da falta de movimento, fruto da retirada das paragens de autocarro.
"Fecharam-nos a rua para ficar pedonal e o facto de as lojas não estarem todas as abertas e os autocarros não passarem aqui, que traziam muitas pessoas, faz com que passe muito menos gente. Nem há comércio suficiente aberto, neste momento, para chamar os clientes para aqui. A minha esperança é a de que isto melhore", admite Miguel Durães, de 63 anos, da "Horta do Bolhão".
O sentimento é partilhado por Augusta Barroca, de 64 anos, gerente de uma sapataria mais abaixo, e de Marcílio Pinho, de 59 anos.
Espaços no Mercado do Bolhão
De acordo com Cátia Meirinhos, da GO Porto, todos os dez restaurantes têm inquilinos "e quatro deles estão em obra". No que diz respeito às lojas exteriores, permanecem duas lojas vagas. Todos os comerciantes tiveram seis meses de isenção do pagamento de renda a partir do momento em que lhes foi entregue a chave dos espaços.