A Rua de Alexandre Braga, na Baixa do Porto, junto ao Bolhão, vai encerrar na próxima segunda-feira para reabrir dentro de dois meses apenas destinada aos peões.
Corpo do artigo
O objetivo é tornar a rua que no passado servia de ponto de paragem a dezenas de autocarros e camionetas numa artéria idêntica à paralela Santa Catarina, com comércio diversificado, esplanadas e animação de rua.
"A obra é mínima e basicamente será transformar a faixa de rodagem, colocando-a ao nível dos passeios. Vamos manter a calçada portuguesa, mas o asfalto será retirado e no local colocado cubo de granito serrado igual ao que existe na Avenida dos Aliados", explicou ao JN o vereador do Urbanismo e Espaço Público, Pedro Baganha.
A vontade da Autarquia é aproveitar a reabertura do Mercado do Bolhão para "mudar aquela rua que é uma das mais bonitas do Porto e que tem sido subaproveitada". Depois da intervenção que levou à criado do túnel de acesso ao parque subterrâneo do mercado, os autocarros já não voltaram ao local, ficando a artéria com "apetência para ser mais calma, amiga do peão e do comércio".
Expectativas mistas
O comércio existente, que não é muito, estando muitos dos espaços sem utilização e em obras, mostra-se expectante face a esta alteração. "A minha opinião é de que não será muito bom. Preferia as paragens de autocarros que existiam aqui e que traziam muita gente de fora, muitos clientes", refere a cabeleireira Maria José Neto.
Os estabelecimentos de restauração são poucos e apenas dois têm neste momento portas abertas para a rua. No Leitão do Zé, a expectativa é grande. "Desde o início das obras do Bolhão que o projeto já contemplava que a Alexandre Braga ficasse pedonal mas é uma incógnita. Só mesmo experimentando para ver se vai resultar", diz Elias Santos, funcionário do restaurante.
Mais áreas para peões
"Estamos a olhar com muita atenção para a Zona Histórica e a desenhar uma estratégia para a sua progressiva pedonalização. Já temos vários estudos nesses sentido e estamos a fazer uma síntese de todo o trabalho realizado para ser apresentado nos próximos meses à cidade", informa Pedro Baganha.
Mas nem só para o Centro Histórico há esta vontade de conquistar espaço ao automóvel a favor dos peões. A Rua de Mouzinho da Silveira poderá vir a ter trânsito reduzido no futuro, num cenário semelhante ao que existe na Rua das Flores. Também a zona de Cedofeita está em estudo. Assim como a pedonalização das zonas da movida, como as ruas da Fábrica, Cândido dos Reis, das Galerias de Paris, das Oliveiras, Praça dos Leões e Miguel Bombarda (artéria das galerias de arte).
Apontamentos
Zonas pedonais
A cidade do Porto tem neste momento quatro zonas de automóvel de acesso condicionado. São elas as Ruas de Santa Catarina (teve o primeiro troço pedonal aberto ainda na década de 1970, movimentando atualmente 4200 pessoas/hora), de Cedofeita, das Flores e a Praça da Ribeira.
Zonas temporárias
Desde 2020 que a Câmara do Porto tem, aos fins de semana, zonas pedonais temporárias, instaladas em várias artérias como a Avenida de Rodrigues de Freitas, entre as 8 e as 20 horas, com trânsito condicionado e a via ocupada com esplanadas e diversos eventos.