Chama-se ATEMPO o novo projeto de cooperação entre o Norte de Portugal e a Galiza que, nos próximos três anos, vai permitir um trabalho dedicado à assistência transfronteiriça de emergência.
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Com financiamento de 4,8 milhões de euros, do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, o projeto visa reforçar o projeto já trabalhado entre as partes de entreajuda desde 2009, como acontece na altura dos incêndios florestais, reforçando com o apoio da emergência hospitalar.
"O ATEMPO tem como principal objetivo aprofundar a melhoria de capacidade de resposta das unidades de emergência transfronteiriças aos eventos adversos indentificados e, especialmente, contra os relacionados com as mudanças climáticas e riscos tecnológicos", referiu Marcos Araujo Pereira, gerente da Axencia Galega de Emerxencias (AXEGA), esta quarta-feira, na apresentação do projeto que decorreu no Jardim Botânico do Porto, e que juntou as outras entidades parceiras, nomeadamente a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), o INEM, a GNR, a Comunidade Intermunicipal do Alto Minho, a Junta de Castela e Leão e a Universidade da Catalunha.
Já Raquel Meira, da CCDR-N, resumiu que o objetivo do projeto, que arrancou em setembro, "é proporcionar o intercâmbio entre a Proteção Civil (no combate a incêndios e emergência médica transfronteiriça), porque muitas vezes estão mais perto das populações que estão do lado contrário da fronteira - ultrapassando muitas condicionantes legais e instituciomais - provando que é possível trabalhar em conjunto".
Em Portugal, abrange as regiões "do Minho, Cávado, Alto Tâmega e Trás-os-Montes e Alto Douro".
De acordo com a mesma responsável, o programa terá "a duração de três anos", e no caso de Portugal estamos a falar dos municípios mais perto da fronteira, "porque o que se pretende é que os serviços da Galiza e de Castela e Leão se articulem com o Norte para que se perceba quem está mais perto de determinada emergência".
Já sobre a verba de 4,8 milhões de euros, a responsável detalhou que será usada "em formações, aquisição de material, como viaturas, e comunicação, dando a conhecer o projeto a outras regiões de Portugal e de Espanha, a fim de que a boa prática possa ser usada em outros locais".
Aliás, estão previstos vários "exercícios colaborativos", nomeadamente simulacros, e "sete infraestruturas transfronteiriças serão melhoradas".
"Expandir ainda mais"
Edmundo Dias, médico do INEM, salientou que "a emergência médica transfronteiriça é uma interligação que tem funcionado bem", sublinhando que o projeto pode "expandir ainda mais".
Já o major, Bruno Lopes, manifestou que "é intenção da GNR apostar na formação dos operacionais", nomeadamente "nos voos com drones". E acrescentou: "Acreditamos que não só vamos conseguir diminuir o tempo de respostas das ocorrências, sejam elas fogos ou inundações, como será importante no caso de busca de pessoas desaparecidas".
"Vamos continuar a apostar na emergência, trabalhando de forma conjunta, desde a dotação de equipamentos, infraestruturas, formação e beneficiando da coordenação, através do uso da Inteligiência Artificial (IA)", destacou Santiago Villanueva Álvarez, presidente da AXEGA, convicto que a IA servirá, muitas vezes, para "antecipar" fenómenos naturais. E concluiu: "A emergência não conhece fronteiras e com este projeto vamos tentar beneficiar uma população direta de 60 mil pessoas".
Também Manoel Batista, presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Minho, enalteceu "a abordagem inovadora" do projeto.