Hoje é lançado o concurso público para a construção da nova ponte rodoviária D. António Francisco dos Santos, sobre o rio Douro, a ligar Quebrantões (Oliveira do Douro), em Gaia, à Avenida Paiva Couceiro, na marginal, no Porto. A obra, com conclusão prevista para 2025, está orçada em 36,9 milhões de euros.
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Segundo a documentação a que o JN teve acesso, a travessia terá uma extensão total de 625 metros, mas só 300 metros serão sobre o rio. É ainda referido que "deverá ser assegurado um vão livre mínimo no rio de 180 metros, correspondendo aos limites definidos pelas boias de sinalização existentes".
Desde a apresentação, o custo tem subido. Há cerca de um ano, o preço estava fixado em 29 milhões de euros. Do lado de Gaia, as despesas são maiores. No global, a fatura divide-se pelo valor do tabuleiro, de 16,7 milhões (a repartir em partes iguais pelas autarquias), mais 3,2 milhões das ligações rodoviárias e 10,3 milhões de acessos em seco (leia-se nivelar o terreno), do lado gaiense. Para completar os 36,9 milhões, há a somar os gastos com os acessos do lado do Porto.
Vias cicláveis e passeios
Financeiramente, foi assumido que a obra seria custeada pelos municípios, mas falta saber se não haverá candidatura a fundos comunitários. Para hoje, em Gaia, está agendada uma reunião extraordinária da Câmara, com um único ponto: "Empreitada de conceção-construção da Ponte D. António Francisco dos Santos e acessos - decisão de contratar, aprovação das peças do procedimento e demais elementos".
Em Gaia, a ligação será feita à Rotunda Gil Eanes, situada no eixo rodoviário que serve a Ponte do Infante. "Para além do serviço ao tráfego automóvel, a nova ponte [D. António Francisco dos Santos] irá também ter a utilização de transportes coletivos e de modos suaves de deslocação, devendo para o efeito ser instaladas vias cicláveis e passeios em ambos os lados", lê-se nos documentos.
Apesar da elevada fatura, que não pára de crescer, é salientado que "os benefícios calculados - relativamente ao funcionamento da rede viária - são superiores aos custos de construção e manutenção, apresentando um saldo global positivo". São apontadas "poupanças em custos de sinistralidade e de poluição ambiental" e o "aumento da atratividade turística". Segundo os estudos efetuados, "esta nova ligação permitirá prosseguir a política de mobilidade articulada entre os dois territórios", sendo destacado que as outras travessias existentes já não servem o propósito de descongestionar o trânsito entre as duas cidades.
Alternativa urgente
Para justificar a nova travessia, é referido que "a Ponte da Arrábida está hoje saturada". Acrescenta-se que a "Ponte do Freixo não permite dar resposta a necessidades das populações urbanas". Lembra-se que à "Ponte Luís I foi retirado do tabuleiro superior o trânsito rodoviário, neste momento alocado ao uso exclusivo do metro". Também a "Ponte do Infante não permite dar resposta eficaz às necessidades de ligação entre as cidades".
Luís I só para peões
No documento lê-se que a tendência é avançar, "numa fase posterior, pela pedonalização do tabuleiro inferior da Ponte Luís I e pela intervenção na ponte de D. Maria Pia, prevendo-se tornar esta última transitável a peões e bicicletas".
Datas
Junho de 2018
Protocolo de colaboração entre os municípios de Gaia e do Porto para o desenvolvimento de ações, nomeadamente de estudos prévios.
Maio de 2020
Acordo para contratação conjunta de estudos e serviços para conceção e construção da ponte, assim como assessoria técnica e jurídica.
Abril de 2021
Novo protocolo dos dois municípios para todos os contratos da conceção e construção, bem como das infraestruturas rodoviárias e outras.