O Centro de Artes Náuticas de Vila do Conde vai ter uma vertente formativa. O presidente da Câmara recorda que os estaleiros navais de Azurara continuam a precisar de carpinteiros navais e têm uma enorme procura para construção e reparação de embarcações de madeira.
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Por isso mesmo, e porque este saber, “não vem nos livros”, ali haverá uma escola de formação na área da construção naval. A aposta é cativar os mais jovens para a arte. “Queremos que esse saber não se perca e seja encarado como uma mais-valia e não apenas como uma memória do passado”, justificou o autarca vila-condense.
O novo Centro de Artes Náuticas, financiado pelo programa europeu EEA Grants, será, assim, um misto de museu e de escola de formação de futuros carpinteiros navais. Custou pouco mais de 100 mil euros. A Câmara desistiu definitivamente, de instalar o centro na antiga Seca do Bacalhau.
“Entendemos que o espaço da Seca do Bacalhau merece um outro pensar mais macro. Não se trata apenas de um armazém, mas de pensar toda a envolvente numa zona nobre da cidade”, explicou, ao JN, o presidente da Câmara, Vítor Costa, que decidiu trocar a antiga Seca do Bacalhau por um espaço mais pequeno na praça José Régio.
O projeto tinha sido idealizado pelo executivo anterior, liderado por Elisa Ferraz. Quanto chegou, Vítor Costa não só entendeu que o espaço não era o desejável, como encontrou apenas um financiamento de 30% por parte do EEA Grants. Era, frisou, “mais uma opção financeira desastrosa”. Assim, o espaço foi “reequacionado”. “Será um espaço histórico e patrimonial que permitirá perceber o que foi a atividade da construção naval em Vila do Conde, mas também um espaço de futuro e, por isso, temos uma vertente formativa”, frisou o edil.
O presidente da Câmara espera que, mais de que um apoio financeiro, a parceria com a Noruega (que promove o EEA Grants), traga um “contributo cultural e patrimonial”, porque, no que toca à história da construção naval, os países nórdicos têm muitas afinidades com Vila do Conde.
Para além do Centro de Artes Náuticas, o EEA Grants está ainda a financiar a recuperação da nau quinhentista, orçada em 187 mil euros. As vistorias subaquáticas já terminaram. Agora, está a ser feita a recuperação da réplica de uma nau quinhentista, atracada em frente à Alfândega Régia, na zona histórica de Vila do Conde.
A Câmara ainda não perdeu a esperança de ver a construção naval em madeira ser considerada Património Imaterial da Humanidade da UNESCO. Vítor Costa diz que “há grande vontade de terminar esse processo” e lembra que foi de Vila do Conde que saíram caravelas e naus que “deram novos mundo ao mundo”.
Pormenores
Seca do Bacalhau continua sem destino
Chegou a haver um Plano de Pormenor que previa a demolição da antiga Seca e a construção, no seu lugar, de uma zona de restaurantes e bares. O plano foi revogado em 2020. Ia ser CdAN. A ideia foi abandonada. Agora, a antiga Seca do Bacalhau está de novo sem destino definido.
Nau quinhentista: de 40 para 100 mil visitantes
Atualmente, a nau quinhentista – um museu flutuante estacionado no rio Ave - recebe cerca de 40 mil visitantes/ano. A ideia, diz Vítor Costa, é que, com a abertura do CdAN e a nova dinâmica dada à zona possa chegar aos 100 mil.