Câmara, Área Metropolitana e Governo vão propor que as intervenções no edifício do Coliseu do Porto sejam as "estritamente necessárias".
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O futuro concessionário do Coliseu do Porto poderá não ter de desembolsar os 8,5 milhões de euros inicialmente projetados para a reabilitação do edifício, como contrapartida exigida pela exploração do histórico edifício.
Os três fundadores da Associação dos Amigos do Coliseu do Porto (AACP) - Câmara do Porto, Área Metropolitana do Porto e Estado - defendem a revisão do estudo que apontou para a realização de obras nesse valor, "cingindo-o às intervenções estritamente necessárias à erradicação das patologias que possam pôr em causa o normal funcionamento da sala num futuro semelhante à do período de concessão em causa e retirando do plano de custos tudo aquilo que possa constituir uma opção de intervenção para o futuro concessionário".
Na prática, o concessionário terá apenas a seu cargo as obras mais urgentes, deixando de fora escolhas que não sejam estruturais. O possível redimensionamento da intervenção é o ponto chave da proposta que vai ser apresentada no dia 13, na assembleia-geral da AACP destinada a aprovar a concessão da sala.
A proposta divulgada no site do Coliseu contempla também outros pontos que podem gerar discussão. Um deles é o pedido feito à direção do Coliseu do Porto - presidida por Eduardo Paz Barroso, demissionário até ao final do mandato, em abril - para que procure "adequar a programação da sala no sentido de não comprometer o futuro da concessão, exercendo uma gestão criteriosa dos compromissos que a programação determine". Outra proposta que não se prevê consensual é a utilização da sala pela AACP "num número de dias limitado a definir", uma ou duas vezes por ano", para desenvolver programação própria.
"Abordagem diferente"
Autor do "estudo de diagnóstico e metodologia de intervenção para a reabilitação do Coliseu do Porto", Vasco Freitas tomou conhecimento da nova proposta pelo JN. O professor da Faculdade de Engenharia afirmou que uma diminuição dos custos das obras significaria "uma abordagem diferente" do estudo que fez. "O Coliseu merecia uma intervenção tal qual a considerei e que se enquadra na perspetiva defendida por Eduardo Paz Barroso de perceber as necessidades globais do edifício, identificá-las e quantificar os custos", afirmou o professor, a quem será, segundo a proposta, pedido a revisão do estudo.
Sem querer pronunciar-se sobre os fundamentos da opção tomada, por desconhecer o novo montante destinado à intervenção, Vasco Freitas reforçou que o estudo por si feito salvaguardava "não só a segurança, mas também o conforto dos espectadores e a reabilitação do edifício".
Crise
Direção da Associação Amigos do Coliseu sofre mais duas baixas
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Devido ao "comportamento indigno" dos parceiros institucionais (Câmara do Porto, Estado e Área Metropolitana), a Associação Comercial do Porto abandonou a direção da Associação dos Amigos do Coliseu do Porto (AACP).
Em causa estão os contornos da substituição de Eduardo Paz Barroso à frente dos destinos da AACP. "Ninguém sai dignificado quando o presidente é despedido pelo site da Câmara. Paz Barroso e a sua direção deviam ter sido tratados com outra deferência", defendeu Nuno Botelho, presidente da instituição. Também ontem foi tornada pública a saída da representante dos sócios individuais. Maria Inês Taveira renunciou ao cargo que ocupava, solidarizando-se com o presidente da direção.