Utentes na Asprela queixam-se de falta de informação e distância para quem tem consultas no IPO. Câmara do Porto disponibilizará sinalética "brevemente".
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Sabem que é junto ao terminal da Asprela onde partem e chegam muitos dos autocarros vindos de fora do Porto, mas chegam lá perdidos e cheios de dúvidas. Habituados a seguir até ao centro da cidade, ali é, desde o início deste mês, por estratégia da Câmara do Porto, o início ou fim de linha para muitos passageiros. Mas sem informações sobre a distribuição de operadores pelas paragens, os abrigos afogam-se em críticas, numa revolta de quem se sente prejudicado por utilizar os transportes públicos. A maior preocupação é com os idosos, com consultas no Instituto Português de Oncologia (IPO) e no Hospital de São João.
A Câmara do Porto afirma que "brevemente será disponibilizada sinalética Porto.Intermodal nestes locais" e que o edifício lá construído, para onde está prevista "uma abertura gradual" entre junho e julho, terá "cafetaria, WC, quiosque e sala de espera". O objetivo das alterações é diminuir "a enorme pressão sobre o sistema viário" que se tem registado.
Sara Pastor, de 23 anos, faz todos os dias a viagem de autocarro entre Guimarães e o Porto, pela A3. Estuda na Universidade Portucalense e queixa-se da mudança da paragem. "Fui apanhada de surpresa. Vim a resmungar disso o dia todo. Tiraram a paragem da Portucalense e eu não sabia e saí aqui [na Asprela] e tive de ir a pé até lá atrás", descreve a estudante.
"Complicar a vida"
O grande problema, relata Elsa Silva, são as viagens de regresso. "Para chegar à Asprela, os autocarros ainda passam pelo hospital e pelo IPO. A ir embora, não. São 15 minutos a pé. Não estou a exagerar. É muito chato para as pessoas mais velhas. Muitas não vêm acompanhadas. Fazia mais sentido proibirem os carros [até ao centro] do que os autocarros. Isto é complicar a vida a quem usa os transportes públicos", observa a investigadora do i3S. Do outro lado da rua, Maria José Sousa, 60 anos, sai de um autocarro vindo de Lordelo, Paredes. Para a passageira, a alteração da paragem para o Polo Universitário traduz-se "num transtorno muito grande". "Tenho uma consulta na maternidade e agora tenho de apanhar o metro. Nunca andei", confessa Maria José, baralhada com o trajeto, enquanto conta as moedas para pagar o bilhete de metro.
Em resposta ao JN, a Câmara do Porto diz que as linhas provenientes da A3 têm paragem autorizada em frente ao Hospital de S. João, próximo a uma passadeira semaforizada, assegurando todas as condições de segurança para o utilizador do transporte público".
Há quem se queixe do mesmo no terminal de Campanhã. Paulo Figueiras, 47 anos, viaja entre Chaves e o Porto quatro vezes por mês para ir a consultas no Hospital de Santo António. Por ter sido operado às pernas, vê-se obrigado a chamar um táxi para chegar ao hospital. Apesar de o município garantir a existência de "serviços de transporte público, nomeadamente metro, CP e STCP, que permitem assegurar o acesso à Baixa com todo o conforto e rapidez", não descarta a eventual "criação de nova ligação mais direta ao Hospital de Santo António", no âmbito da revisão da rede da STCP.
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Paragem "imposta"
Luiz Costa, da Auto Viação do Minho, acusa a Câmara do Porto de ter imposto Campanhã como terminal de autocarros expresso de Viana do Castelo, rejeitando uma paragem intermédia junto ao Hospital de São João. A Câmara do Porto afirmou à Lusa que "nada foi imposto", estando disponível para rever a solução.
Preço sobe
Para os passageiros vindos de fora da Área Metropolitana do Porto e que querem chegar ao centro da cidade, além do custo do bilhete de autocarro, soma-se ainda o custo do bilhete de metro (1,90 euros para quem não tiver o cartão Andante).