Nadador-salvador tem 20 anos e na manhã deste sábado não temeu pela vida e, após resgatar as vítimas, foi aplaudido na praia.
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Não fosse a rápida intervenção do jovem nadador-salvador Carlos Fonseca e, na manhã deste sábado, na praia das Pedras Amarelas, em Lavadores, no concelho de Gaia, teria ocorrido uma tragédia. Por motivos que se desconhecem, uma pequena embarcação virou ao largo daquela muito frequentada zona balnear, e dois homens caíram na água. Viveram-se momentos de pânico, mas ambos acabaram resgatados com vida por Carlos, que teve ainda o apoio dos seus colegas da SummerPriority, associação que presta serviço em toda a costa marítima gaiense.
"Tratou-se de um barco de recreio que naufragou junto à costa devido a um possível descuido. As duas pessoas estavam com coletes e foram resgatadas", informava no local, ao fim da manhã Rui Moreira, subchefe principal do Batalhão de Sapadores Bombeiros de Gaia, que ajudaram no resgate. Nessa altura, já Carlos Fonseca se encontrava de novo no seu posto de vigilante. Diz que não gosta de falar.
"Fiz apenas o que devia fazer. Quando vi as pessoas aflitas na água, não pensei duas vezes e lancei-me à água. Entretanto foram pedidos reforços e outros colegas vieram ajudar-me", conta Carlos ao JN. É o segundo ano que o jovem, de 20 anos, é nadador-salvador. Foi aliciado pelos primos e agora o seu sonho é integrar os Sapadores Bombeiros de Gaia, elevado a batalhão em julho passado. O curso de Mecatrónica que está a tirar na faculdade não o entusiasma da mesma forma. "Gosto de ajudar. Acho que essa é a minha missão", justifica.
Em agosto, salvou na mesma praia um turista alemão de se afogar. Ontem, foram outras duas pessoas, dois homens, de 52 e 62 anos, a receberem ajuda. Primeiro, retirou um e depois outro, "o mais velho, que foi mais difícil" e que teve de receber tratamento médico por estar em hipotermia. "Estavam de colete mas tinham roupa de ir à pesca", conta. Nessa altura, estava a ser ajudado por um nadador dos sapadores, que entrou na água com uma corda.
Seriam pescadores lúdicos daquela zona da freguesia de Canidelo. "Foi quase uma hora a debater-se na água. Ele é um verdadeiro herói!", explicou ao JN uma das testemunhas do salvamento. Quando Carlos saiu do areal recebeu uma salva de palmas de todos e muitos dos que estavam na praia quiseram abraçá-lo. Estava muito cansado e teve de ser visto pelos médicos. Para além dos Sapadores, no local estiveram também os Voluntários de Coimbrões.
No passeio, junto aos restaurantes, repórteres de televisão acotovelavam-se para recolher testemunhos. Carlos manteve-se longe dos holofotes e, sentado na areia, não afastava os olhos do mar.