Miguel Gomes, candidato da IL pela segunda vez, diz que falta atrair investimento e modernizar a gestão autárquica. Bruno Santos Fonseca é o cabeça de lista do Livre, partido que se candidata pela primeira vez e que quer “dar voz aos vizinhos”.
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Miguel Gomes: “Estamos a deixar escapar empresas e talento para outros concelhos”
Existem alguns problemas que não existiam há quatro anos e que a IL agora detete?
A base da nossa candidatura vai continuar a mesma, até porque vimos de 12 anos de Ribau Esteves e de cinco mandatos seguidos de PSD. A base que tínhamos em 2021 mantém-se, mas agora com um programa bastante mais robusto e medidas mais estruturadas. Continuamos com problemas de falta de transparência e com muita burocracia. E o acesso à saúde e bem-estar não está facilitado. Precisamos também de muito investimento na infraestrutura existente, coisa que não verificávamos tanto. Mas verificamos, agora, que a infraestrutura está muito envelhecida e precisa de obra.
A atração de investimento mantém-se uma das prioridades?
Sim, temos constatado que há muitas empresas que têm optado por concelhos à volta, porque Aveiro não consegue dar resposta. Estamos a deixar escapar empresas e talento. Precisamos no concelho de empresas a nível industrial, também, e a Câmara pode ceder terrenos, isentar de derrama, dar até uma série de incentivos fiscais e ceder infraestrutura e território para conseguirmos ter essas empresas cá em Aveiro.
Outro dos pilares do vosso programa é a modernização administrativa. De que forma pretendem concretizá-la?
Queremos fazer a digitalização de todos os processos autárquicos. Depois, queremos diminuir a quantidade de processos necessária, simplificá-los e pô-los acessíveis ao cidadão. Primeiro, que o cidadão saiba rapidamente o que está a acontecer e, depois, que seja facilmente acessível pela Câmara, sem termos vários imbróglios a nível de burocracia.
Há mais algum problema prioritário que identifique no município?
Gostávamos muito de resolver o problema da mobilidade. Aveiro é uma cidade plana, precisamos de valorizar as ciclovias e a mobilidade suave. Queremos que haja uma renovação do Programa de Mobilidade Urbana Sustentável. E também melhorar os transportes públicos. Aveiro tem alguns problemas de ligação com os concelhos limítrofes e mesmo na ligação entre freguesias. Portanto, a mobilidade é algo que nós gostávamos de trabalhar, em conjunto com a empresa atual [que gere os transportes], ou com as empresas privadas que venham trabalhar na mobilidade. Não nos limitamos ao público ou ao privado.
Bruno Santos Fonseca: “Aveiro tem tudo para que se possa implementar um metro de superfície”
O que levou o Livre a apresentar, pela primeira vez, uma candidatura à Câmara de Aveiro?
Queremos construir e reforçar uma comunidade de vizinhos que olham para os problemas e encontram soluções concretas para o que os afeta diariamente. Ao falar de mobilidade, sustentabilidade e habitação, queremos uma cidade que reflita os desejos efetivos das suas pessoas: uma política local de proximidade, uma ação partilhada e de contacto com os reais problemas e anseios de quem vive e vê a cidade de Aveiro como uma oportunidade para construir uma vida mais digna.
Quer construir uma cidade mais justa, progressista, participativa e inclusiva. De que forma?
Para construirmos uma cidade aberta de e para todos os vizinhos, teremos um caminho que não será fácil, mas que tem um motor comum: visão e contributo por parte de todos. Essa ação terá de passar pela apresentação de soluções que resolvam os problemas que subsistem na cidade: habitação e mobilidade. O Livre está aqui para dar voz efetiva aos nossos vizinhos aveirenses e ser parte da implementação de medidas e soluções conjuntas.
No campo da habitação, o que pode ser feito?
Os preços das rendas e de compra de habitação na cidade já não são comportáveis. A Câmara tem o direito e o dever de defender os interesses dos seus concidadãos por uma habitação mais digna. E não deixar que os problemas se arrastem sem tomar medidas concretas, protelando uma estratégia municipal efetiva que consiga enquadrar os apoios e fundos disponíveis no município para combater a habitação. Há a necessidade de mais habitação pública, não bairros segregados, mas cooperativas de habitação presentes na malha urbana, com preços mais acessíveis.
E o que falta em termos de mobilidade?
Como filho de guarda de passagem de nível, desde cedo senti o abandono dos meios de transporte como o comboio. Mas a mobilidade como um todo, especificamente em Aveiro, tem-se tornado desagregadora na construção de uma cidade coesa e dinâmica, entre os seus vizinhos e os vizinhos de outros municípios. A mobilidade e as suas vias de transporte na cidade ainda não são democráticas. O Livre é um partido de mobilidade verde e sustentável e Aveiro tem tudo para que se possa implementar um metro de superfície alargado na cidade, sendo a cidade o elemento catalisador da renovação e ligação à linha do Vouguinha.