Luís Souto concorre contra irmão em Aveiro: "Sou o pior adversário que poderia ter"
Luís Souto, candidato da coligação PSD-CDS-PPM, vai concorrer contra o mano Alberto (PS) à Câmara de Aveiro. Considera que a habitação é o principal problema da cidade.
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Luís Souto, 60 anos, protagoniza uma das mais curiosas histórias das autárquicas. O escolhido da coligação PSD-CDS-PPM para a Câmara de Aveiro, presidente da Assembleia Municipal, vai disputar a autarquia com o irmão Alberto Souto (PS), ex-edil. Falta saber se Luís, professor de Biologia na Universidade de Aveiro, vai dar uma lição e suceder a Ribau Esteves.
Quando aceitou ser candidato, já sabia que iria ter o seu irmão Alberto (PS) como opositor. Sabendo o que é uma campanha eleitoral e as suas consequência, pergunto-lhe se a ambição política é mais importante que a família.
Não, a família é mais importante. Mas nós pertencemos a uma família onde a política esteve sempre presente e com discussões acérrimas. Acredito que, no final, a campanha não deixará marcas.
O facto de ser um irmão condiciona a sua campanha?
Não. Só há uma diferença substancial, eu conheço muito bem o meu irmão, porque acompanhei toda a sua carreira, o que fez e o que não fez, e por isso sou o pior adversário que ele poderia ter.
Ele foi um bom presidente de Câmara (1997-2005)?
Na primeira eleição, foi uma “lufada de ar fresco”, mas depois foi um desastre financeiro.
Que resposta dá a quem diz que o seu problema é a inexperiência política em termos executivos?
Foi um problema para Ribau Esteves quando começou, tornando-se hoje um dos mais reconhecidos autarcas? Foi para o Alberto Souto em 1997, quando tinha zero experiências políticas? Há sempre um começo.
Em que estado se encontra hoje a Câmara de Aveiro?
Está bem, ganhou credibilidade institucional e financeira.
Quais são hoje os principais problemas de Aveiro?
Temos problemas na habitação, tal como o país e a Europa.
O candidato do PS diz que o atual executivo construiu zero casas.
É falso, porque a política de habitação tem vários instrumentos e a Câmara criou condições para o desenvolvimento de construções a preços controlados. Mas não só. Aveiro tem um parque habitacional municipal importante e nos últimos anos foi reabilitado, disponibilizando casas.
Vai ser essa a sua aposta?
Temos que ir além disso e reiniciar um reforço da oferta pública da habitação, enquadrado nas medidas de apoio do Governo. Mas defendo que devemos continuar a apoiar construções a preços controlados. É importante aproveitarmos o excelente relacionamento que temos com o Governo e o primeiro-ministro para avançarmos com uma série de projetos, e não só na habitação.
Refere-se à ampliação do hospital?
Esse é o mais importante. Não podemos aceitar que este dossiê continue no marasmo. Mas pior que isso é entrar no projeto do PS, que defende um novo hospital. Isto era a discussão há 20 anos, se entrarmos por aí, nem sequer temos a expansão do atual.
Novos projetos?
Vamos criar uma agência municipal para captar investimento e com isso emprego. Nos transportes públicos, há aspetos a melhorar nas rotas, nos horários e nos tarifários. Precisamos também de mais espaços verdes. Vamos fazer grandes parques nas Barrocas, na zona superior do Pavilhão do Galitos e perto do eixo Aveiro-Águeda, para além de requalificar o Parque Infante D. Pedro.
Defende a suspensão do projeto da Oficina de Desporto, como defende Alberto Souto?
As associações lutam diariamente contra a falta de instalações desportivas. É para avançar.
A relação entre Câmara e Universidade já conheceu melhores dias...
Já disse ao senhor reitor que queremos ter uma relação de excelência com a Universidade, mas com respeito mútuo. Espero uma cooperação diferente.
Qual é o seu objetivo eleitoral?
Manter a maioria absoluta na Câmara e ganhar todas as juntas de freguesias.
Se perder, fica como vereador?
Não admito a hipótese de perder.