O vice-presidente da Câmara do Porto disse esta terça-feira que a Metro do Porto já estava, antes de sábado, a intervir num dos "braços" do rio da Vila, através de uma estrutura nova que está agora em avaliação.
Corpo do artigo
"O que é que existe de diferente? É que, de facto, a obra do metro já estava a intervir nesse curso do rio da Vila. Já tinha montado uma estrutura nova, que tem as suas funções, nesse espaço", disse hoje à Lusa o vice-presidente da autarquia liderada por Rui Moreira.
Filipe Araújo, que também tem os pelouros do Ambiente e Transição Climática e da Inovação e Transição Digital no executivo municipal, referia-se aos braços do rio da Vila, curso subterrâneo de águas pluviais que atravessa o Porto, que desaguam na zona onde está atualmente a ser construída a estação de São Bento da futura Linha Rosa do metro (São Bento - Casa da Música).
"Foi introduzida uma nova estrutura hidráulica lá [em] que, de facto, o curso do rio de Vila deixou de seguir o caminho livre que lá tinha, passou a encontrar uma estrutura", explicou.
Segundo Filipe Araújo, "o LNEC [Laboratório Nacional de Engenharia Civil] vai ter de dizer se ela desempenhou bem ou mal as suas funções".
O autarca disse também que "estavam construídas nesse local umas paredes que interrompiam uma parte ou diminuíam uma secção que vem, por exemplo, de Sá da Bandeira", tendo sido decidido demoli-las.
A Metro do Porto pediu ao LNEC um estudo sobre as condições das obras na baixa, na sequência das enxurradas de sábado, com o objetivo de "perceber se há algum impacto da obra" em ocorrências como as sucedidas e se há alguma forma de melhorar, caso seja possível.
No total, o rio da Vila é alimentado por três 'braços', sendo os restantes provenientes das ruas dos Clérigos e do Almada, e também da Avenida dos Aliados.
Precisamente sobre águas provenientes dos Clérigos e do Almada, Filipe Araújo disse que a Câmara do Porto também acredita que uma "conduta que está sob os Lóios não aguentou e ficou sob pressão, e, portanto, a água também saiu e escorreu pelos Lóios".
O autarca apontou ainda a um terceiro fator relacionado com as águas que escorrem à superfície: "quando nós temos uma tormenta elas não conseguem sair logo diretamente para as caldeiras, para os bueiros, para as bocas do lobo, e escorrem pela rua fora".
"A obra do metro, obviamente - e quem passou na Avenida dos Aliados sabe disso - veio a diminuir esse número de partes que recebem a água", disse Filipe Araújo à Lusa.
Assim, no sábado, após as enxurradas, "tomou-se a decisão de corrigir isso, aumentando a possibilidade de captar essas águas".
Segundo Filipe Araújo, o rio da Vila "nunca entrou em carga" na rua Mouzinho da Silveira, mas sim antes de ali chegar.
Câmara do Porto mantém intenção de musealizar galeria do rio da Vila
A Câmara Municipal do Porto mantém a intenção de musealizar o curso do rio da Vila na Rua Mouzinho da Silveira no âmbito do projeto Museu da Cidade, disse hoje à Lusa o vice-presidente da autarquia, Filipe Araújo.
"É um projeto que obviamente nós continuamos e iremos, em breve, recuperar os trabalhos e lançar um novo concurso para aquilo que é o túnel do rio da Vila", disse o autarca quando questionado acerca de eventuais consequências decorrentes das inundações de sábado.
Filipe Araújo confirmou a informação noticiada em março de 2021 pelo Jornal de Notícias, que dava conta da paragem da obra de musealização do troço do curso subterrâneo de águas pluviais que atravessa o Porto e desagua no rio Douro.
"Houve problemas com o empreiteiro que entretanto foram resolvidos", assegurou hoje o responsável, que também tem os pelouros Ambiente e Transição Climática e da Inovação e Transição Digital no executivo municipal.
Segundo o 'site', "o projeto a criar implica um espaço expositivo sobre a galeria, um percurso constituído por vários hasteais e abóbadas em pedra granítica que remontam desde a Época Romana, até à atualidade".
"Inscrita no eixo líquido e no eixo sonoro, a estação 7 [do Museu da Cidade] corresponde a um troço fechado por decreto do município em 1872, que será em breve reaberta e visitável", refere a página.