Comerciantes e moradores queixam-se de incómodos na Baixa de Coimbra. A Câmara garante o sucesso futuro do projeto.
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As obras do metrobus em Coimbra têm causado alterações e constrangimentos no trânsito, com comerciantes e moradores na Baixa da cidade a notar uma redução do movimento de pessoas e, consequentemente, nos negócios. A Câmara de Coimbra admite os incómodos, mas lembra a importância da obra para a dinamização da cidade e do concelho.
Paulo Ferreira tem um quiosque junto ao Mercado Municipal D. Pedro V. Nos últimos tempos, tem à porta vários trabalhos para a instalação do metrobus, o que, diz, tem complicado o seu trabalho. "Já está difícil, com as obras piorou. Baixou bastante o movimento. Com o trânsito condicionado e problemas no estacionamento, para chegar aqui as pessoas demoram muito tempo e muitas abdicam de vir", lamenta.
Essas dificuldades de acesso são corroboradas por Miguel Dinis, que trabalha uns metros abaixo, no Restaurante Jardim da Manga. "Chegar aqui é muito difícil, o estacionamento já era pouco e agora está ainda mais complicado", aponta, reconhecendo, no entanto, que este tipo de obras é necessário. "Para as coisas ficarem bem temos de sofrer uns tempos", defende.
O projeto do metrobus está em fase de obra em várias zonas da cidade, como na Baixa (entre a Câmara Municipal e o mercado), na Avenida Fernando Namora, no acesso ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e junto ao Estádio Cidade de Coimbra. Carlos Fernandes, taxista na cidade há mais de 20 anos, não se lembra de tantos problemas para circular. "As dificuldades são imensas. Sabemos que estas obras são precisas, mas devia ter outros horários, como na parte noturna. A cidade está cercada de obras e complica muito o nosso trabalho", assegura.
Benefícios futuros
A vereadora da Mobilidade, Ana Bastos, compreende o incómodo, mas assegura que, no futuro, a cidade ficará mais bem servida após o fim dos trabalhos. "A obra do Sistema de Mobilidade do Mondego representa um grande investimento para a cidade e para o concelho. Qualquer obra desta dimensão e abrangência gera perturbações à normal circulação. No entanto, o município de Coimbra acredita que o metrobus servirá para alavancar todo o comércio da Baixa, em particular aqueles que agora se sentem mais afetados, mas que beneficiarão da proximidade de um sistema de transportes de alto desempenho e capacidade de atração da população", sublinha.
Processo
Projeto para 2024
Segundo a Câmara de Coimbra e a Metro Mondego, as primeiras composições do metrobus deverão começar a circular na cidade no final de 2024. Terá ligações a Miranda do Corvo e a Lousã, ponderando-se, mais tarde, a Condeixa-a-Nova.
Quase três décadas
O projeto do Metro Mondego data de 1996, tendo tido, ao longo de quase três décadas, vários avanços e recuos. Em 2010, foi desativado o ramal da Lousã para a instalação do metro, o que ainda não aconteceu.
Esperança
O antigo presidente do Conselho de Administração da Metro Mondego (2007-2010) Álvaro Maia Seco acredita que, desta vez, o projeto vai avançar. "Na minha altura, houve muitas dificuldades, sobretudo na disponibilidade económica e na alteração do traçado. Foi uma guerra conseguir que o metro passasse por dentro dos hospitais", recorda, ao JN.
Contra fim de estação
Uma das maiores críticas ao projeto é a desativação da Estação Central de Coimbra, designada Estação Nova. A situação leva a que um grupo de manifestantes se concentre hoje, a partir das oito horas, nas escadas da estação, a protestar contra a sua desativação.