Não são indiferentes à vista, seja pela dimensão ou pelo desconhecimento do que vai nascer. Nas urbes transmontanas, há obras inacabadas e outras que, só muito tarde, se percebeu não serem bem acolhidas.
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Vila Real não se poderá orgulhar de servir de palco a autênticos mamarrachos. O Hotel do Parque é o caso de abandono que mais incomoda os seus habitantes. Idealizado como unidade hoteleira de topo, a estrutura foi erguida junto ao Parque Florestal, numa das artérias principais da cidade. Volvidos mais de 30 anos, a obra continua sem qualquer préstimo e, antes de se proceder à sua vedação, era refúgio de toxicodependentes.
"Sendo pouco provável a sua implosão, que serviria como 'um grito de revolta' pela sua edificação neste local (com um impacto visual muito negativo) e pelos inúmeros erros urbanísticos cometidos na cidade, talvez pudesse ser adaptado para estrutura hoteleira ou hospital privado de que se fala há muito", considera Henrique Silva que, do seu local de trabalho, tem vistas privilegiadas sobre esta "nódoa negra na paisagem urbana".
Mais recente, o Centro Transfronteiriço de Serviços Logísticos, orçado em 3,5 milhões de euros, é outro exemplo. Em 2007, o prazo de conclusão apontava para 9 meses, mas nunca se cumpriu.
"Passa a imagem de que se fazem obras que não são concluídas e é uma situação que em termos urbanísticos não está enquadrada. Gasta-se dinheiro nestas coisas desnecessariamente", constata o vila-realense José Fernandes, de passagem pelo local. A falência do empreiteiro terá ditado a suspensão das obras, a perda das verbas comunitárias e a finalidade do edifício. "Poderia ser aproveitado para Loja do Cidadão ou para apoio aos contribuintes", acrescenta.
Pensado para os adeptos do BTT e do skate, o Parque Radical abriu portas em 1999, mas acabou por cair em desuso. O espaço foi vandalizado, os equipamentos encontram-se degradados e, apesar de a Autarquia já ter prometido uma requalificação, continua desaproveitado.
"É uma vergonha, na altura gastaram aqui tanto dinheiro e agora está tudo abandonado. O tempo de funcionamento foi quase nulo", revela Fernando Barbosa, 61 anos.
Contactada pelo JN, a Autarquia de Vila Real não se disponibilizou para prestar declarações.