Empreitada de 2,6 milhões deve ficar pronta até final do ano. Autor do projeto critica intervenção feita no âmbito da Capital da Cultura.
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"Há 40 anos que todas as sextas-feiras são passadas aqui". É desta forma abnegada que o arquiteto paisagista Sidónio Pardal fala do projeto do Parque da Cidade do Porto, da sua autoria, considerado o maior parque urbano do país, cuja obra entra agora na reta final. A expectativa da Câmara do Porto é que a obra, orçada em 2,6 milhões de euros, esteja concluída no final do ano. Mas será preciso "estabilizar os relvados" para que aconteça a tão ansiada inauguração "entre abril e maio", disse o arquiteto.
A intervenção, no remate poente do parque, é visível para quem passa na marginal do Castelo do Queijo. A empreitada inclui a renaturalização de cerca de 6500 m2 de área pavimentada do Queimódromo, que passam a integrar este espaço verde, e a plantação de cerca de 2800 árvores e arbustos.
Intervenções
Está também prevista "a construção de vários muros, modelações do terreno para conformação das clareiras e definição dos percursos, de uma praça e de uma alameda, bem como a instalação de infraestruturas de apoio (para rega e drenagem) e a redefinição do lago 4", refere a Autarquia. Será ainda assegurado "o melhoramento das acessibilidades na zona de transição entre o Parque da Cidade, o viaduto e a frente marítima".
Sidónio Pardal explica a necessidade de criação de uma praça com "a grande carência de espaços de desafogo integrados na vida normal da cidade". Sobre a alameda, especificou que será feita com plátanos, que curvados "vão acentuar o efeito de galeria" para acolher eventos culturais.
Com esta intervenção, o arquiteto espera também ver apagada a passagem da Porto 2001 pelo Parque da Cidade, que caracteriza como "uma obra indigente, feita muito depressa e na qual se gastou muito dinheiro". "A charca que criaram será refeita e tudo o resto transformado", acrescentou, convicto de que o projeto da Capital Europeia da Cultura naquele local "só serviu para estragar a envolvente do Castelo do Queijo". "Só provocatoriamente é que podem chamar àquele edifício de transparente. É uma construção miserável", concluiu.
"Éden de bolso"
O escritor Mário Cláudio descreveu o Parque da Cidade como "um éden de bolso" e Sidónio Pardal assume que a função do parque é "gostarmos de lá estar, criando a sensação de que é uma espécie de paraíso". E explicou: "Enquanto na arquitetura do edificado estamos a dar resposta a necessidades muito práticas, no Parque o esforço foi descodificar isso e, ao mesmo tempo, tornar o espaço deslumbrante, sem ser ostensivo ou exibicionista, tinha de ter uma certa naturalidade e essa foi a dificuldade".