As celebrações do Dia da Marinha foram além da Ribeira e, na manhã desta sexta-feira, o palco da atuação da Banda da Armada foi o Mercado do Bolhão, no Porto. Ao som da música, as pessoas aprenderam a fazer nós de marinheiro e a tocar o apito. A festa termina este domingo com um desfile que, partindo da Alfândega, terá cerca de 500 militares.
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Foi após o som do primeiro apito que a multidão se começou a juntar na demonstração realizada pelo sargento João Silva. Reformados e turistas foram o público principal. Aproximaram-se de imediato para observar atentamente o que está a ser feito passo a passo.
O primeiro curioso a chegar perto do sargento foi Daniel Marques, de 66 anos. "Nem na tropa andei, mas estava curioso", disse, divertido. Observava com detalhe o que estava a ser exemplificado, mas mostrava-se ansioso por ver a banda a tocar.
Já José Moreira, de 69 anos, desviou-se entre a multidão e não hesitou em pôr as mãos à obra. Seguiu atentamente os passos e recriou o nó à primeira. Apesar de estar orgulhoso de si mesmo, referiu, de sorriso rasgado, que escolheu "o nó de Lais de Guia porque é o segundo mais fácil".
É de São Mamede de Infesta, Matosinhos, e foi de propósito, assim que soube pela Comunicação Social o que ia acontecer. "Aos 19 anos tinha o sonho de um dia pertencer à Marinha. No dia da inspeção militar foi o meu pedido, mas não se concretizou", relata.
Mas, em vez de afogar as mágoas, desafiou Carlos Serafim, a quem intitula como o seu "braço direito", a estar presente. "Foi por iniciativa do meu amigo, mas também tinha curiosidade. Como fui oficial no Exército, tive vontade de vir aqui".
Num dos poucos segundos em que não teve uma enchente de pessoas à sua volta, o sargento João Silva, conhecido como Mestre Silva, explicou que foi escolhido para estar ali:"Na escola onde dou aulas aos novos marinheiros e futuros sargentos, a área específica em que dou formação é a arte de marinheiro".
Relativamente aos nós, nesta demonstração: "Começamos pelos mais simples e terminamos nos mais complexos, com média dificuldade". O que muita gente desconhece é que "as conhecidas cordas a bordo, para nós chamam-se cabos. As únicas cordas que temos a bordo são a corda do relógio, a corda dos sapatos e a corda do sino", atalhou.
O grande número de clientes não impediu os comerciantes de fazerem a festa, que também chegou às bancas. Por volta das 10.40 horas, enquanto alguns tomavam o pequeno-almoço, Rosa Gonçalves, dona da banca Grainha, já servia copos de vinho aos turistas.
Aos 71 anos, Albina Ferreira comentava: "É a primeira vez na minha vida que vejo tantos marinheiros juntos". No entanto, apesar de achar que estas iniciativas chamam animação, considerou que não servem para aumentar as vendas. "Vende-se o mesmo", referiu.
Para Rosa Mota, dona da florista Rosa Maria, a presença e atuação da Banda Armada é um misto de emoções. "É uma maravilha, um espetáculo, mas é mau para mim porque me dão cabo das flores todas, encostam-se aqui e tenho que chamar à atenção", afirmou, em tom de ralhete.
E salientou estar indignada porque "eles podem assobiar, fazer barulho, mas nós não podemos gritar". No entanto, isso não a impediu de dançar enquanto trabalhava.