Município e delegação de saúde pública local reuniram-se, na segunda-feira, com os 30 presidentes de junta do concelho para garantir que não há “inconformidades” nas análises de água efetuadas pelo novo laboratório, depois de ter sido suspensa a atividade do Laboratório de Trás-os-Montes (LTM).
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“É seguro beber água no concelho de Mirandela”. A garantia é da presidente do Município assente nas informações avançadas pelo delegado de saúde, Rui Ferreira, que reuniu-se, ontem à noite, com os presidentes das juntas de freguesia, na sequência das muitas dúvidas levantadas quanto à qualidade da água para consumo humano, após a operação “Gota D’Água” que culminou na suspensão da atividade do LTM, por alegada falsificação de análises.
O referido laboratório, sediado no Cachão, era o responsável pela realização das análises no concelho mirandelense.
Júlia Rodrigues adiantou que após a tomada de conhecimento do caso “Gota D’Água”, a autarquia “contratualizou um novo laboratório certificado, para garantir a continuidade da execução do programa de controlo da qualidade da água definido pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos”.
Para além disso, a autarca adiantou que, como medida de reforço do apuramento real de resultados, além das ações de controlo de rotina, a Câmara de Mirandela “já solicitou a realização de um controlo de inspeção, que consiste na avaliação de um largo espectro de parâmetros bioquímicos, um procedimento de colheita e análise que será efetuado em simultâneo com a delegação local de saúde.
Depois da reunião com os presidentes de junta, e das informações que diz terem sido prestadas pelo delegado de saúde, Júlia Rodrigues deu a garantia de ser seguro beber água. “Uma vez que sempre que existe uma não conformidade relativamente a alguma análise da água, elas serão analisadas pela saúde pública e vindo a existir essa situação, obviamente, que cessa o abastecimento por captação própria e é feito o abastecimento por camião cisterna, tal como de resto já acontece nos meses de Verão em períodos de seca extrema. E até agora não temos nenhuma situação dessa reportada, pelo que a água está em condições de abastecimento”, sustentou a edil.
E essa garantia, disse a autarca, também é válida para a freguesia de Abreiro, cuja população denunciou recentemente muitas dúvidas sobre a qualidade da água. “O delegado de saúde explicou que a água pode ter os teores em ferro superiores aos ditos normais e ser uma água com uma cor diferente da que estamos habituados, mas a divisão de ambiente tem feito um trabalho de diagnóstico, tem feito a limpeza de reservatório e de condutas para saber onde está o problema e identificaram que são nas casas de fim de linha onde há os maiores problemas da turvação da água, até porque a pressão da água pode condicionar já que temos redes muito antigas”, referiu.
Ainda assim, Júlia Rodrigues ressalva que há quatro aldeias em que o Município “não é a entidade gestora pelo sistema de abastecimento de água”.
Uma dessas Uniões de Freguesia é a de Avantos e Romeu, mas o presidente assegura que a água é de qualidade. “Tínhamos uma engenheira que nos tratava da água, colocamos o cloro como nos mandam e penso que a água tem qualidade, porque fazemos o tratamento nunca houve problemas nenhuns, mas não temos culpa nenhuma se andávamos a ser enganados pelo laboratório”, afirmou Bernardino Pereira.
Os outros três sistemas em que a gestão não é do Município são a União de Freguesias de Avidagos, Navalho e Pereira (sistema do Navalho), União de Freguesias de Barcel, Marmelos e Valverde da Gestosa (sistema de Barcel e Longra), e a União de Freguesias de Franco e Vila Boa (sistema do Franco).
Município e saúde pública promovem ações de formação para presidentes de junta
Esta reunião, também serviu para o Município, em colaboração com a Delegação Local de Saúde, dar a conhecer a sua intenção de começar “um projeto piloto” que inclui sessões de formação com as Juntas e Uniões de Freguesias do concelho “para a capacitação de interpretação dos resultados exibidos nos boletins de análise”.
No entanto, alguns presidentes de junta colocam muitas reservas de que este procedimento possa dar maior segurança e tranquilidade às populações que servem. É o caso da presidente da junta de Suçães. “Queixo-me da falta de comunicação, porque não sou licenciada em microbiologia nem sou química, e quando me enviaram os editais, no Natal, com dados técnicos, não sabia o que havia de fazer ou dizer às pessoas”, contou Luísa Deimãos que não se sente segura. “É verdade que as análises não estão bem, e agora estão a fazer uma contra análise, diz que não há risco para a saúde pública, mas se as pessoas sentirem maior confiança, disse o delegado de saúde que fervam a água ou que bebam água do garrafão, mas isso diz-me muito pouco e enquanto presidente de junta não me sinto segura nem consigo defender as populações que represento porque não tenho conhecimentos técnicos.
O autarca de Frechas confessou estar preocupado. “Entrei confuso e sai baralhado e mais preocupado porque eles não tinham qualquer tipo de informação para nos esclarecer e quando o delegado de saúde afirma que não está em condições de assegurar que a água está própria para consumo, tudo me garante que a água não esteja em condições”, afirmou José Carlos Teixeira que já sabe o que vai recomendar aos seus fregueses: “é para não consumir a água”, disse.
Ainda não à data agendada para a realização desta ação de formação com os 30 presidentes das juntas de freguesia do concelho de Mirandela.