As operárias da antiga Triumph mantém-se esta quinta-feira à porta das instalações da fábrica em Sacavém, Loures, mas deverão levantar a vigília esta sexta-feira, depois de três semanas de luta, que culminou agora com a insolvência a ser decretada. As 463 trabalhadoras serão agora alvo de um processo de despedimento coletivo.
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"Estamos aqui ainda porque este abrigo improvisado foi-nos disponibilizado por terceiros e não íamos deixar isto abandonado", explicou ao JN, Mónica Antunes, delegada sindical, afirmando que, a partir desta sexta-feira, dia em que a insolvência entra oficialmente em vigor, já não se justificará a continuação da vigília.
"As instalações estão agora fechadas e está um segurança lá para assegurar que nada é levado", explicou a trabalhadora, sublinhando que esta foi, ainda assim, "a melhor solução possível". "Com a insolvência, há o despedimento coletivo, mas temos direito ao fundo de garantia sindical e subsídio de desemprego", justificou.
Com um fogareiro à porta, dentro de uma improvisada tenda, as trabalhadoras permanecem esta quinta-feira naquele que foi o seu posto permanente de vigília, iniciada a 5 de janeiro. Mónica Antunes disse ao JN que "valeu a pena a determinação nesta luta" e que da parte do governo "não houve qualquer resposta" aos apelos feitos pelas operárias.
Durante 21 dias, a vigília funcionou segundo uma escala rotativa a cada quatro horas. À porta das instalações estiveram sempre cerca de 30 a 40 pessoas, entre trabalhadores, familiares e ex-funcionários. As trabalhadoras revelam que contaram ainda com a solidariedade de muitos anónimos, que foram deixando alimentos e outros bens junto ao improvisado acampamento.
Relativamente a uma solução de futuro, que passe por um novo investidor, as trabalhadoras mostram-se céticas. "Isso era uma conversa com que queriam continuar a enganar-nos", adianta Mónica Antunes.
A fábrica da antiga Triumph foi adquirida no início de 2017 pela TGI-Gramax. A vigília das trabalhadoras visou impedir que fosse retirado património das instalações.