Habitantes são convidados a escrever "histórias da sua infância" que constituirão documento etnográfico da freguesia.
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Serenatas a pessoas mais isoladas dão início, este sábado, ao OurasFest, um festival que se realiza este fim de semana e prossegue, nos dias 11, 14 e 15 na freguesia de Tresouras, concelho de Baião.
"O palco será à janela de pessoas mais isoladas, com pequenos grupos no exterior. Será também a rua, com músicos incríveis que se disponibilizaram a contribuir para a causa amavelmente", apresenta Névio Silva, da Braços da Terra, uma associação cultural que "pretende proporcionar um momento de reencontro entre pessoas e de tradições".
O OurasFest conta, numa primeira fase, até dia de S. Martinho, com um concurso em que os habitantes são convidados a escrever "uma ou duas histórias da sua infância em duas folhas de papel que constituirão, no futuro, um documento etnográfico da freguesia". No dia 15, serão lidas as três recordações que o júri considerar vencedoras do concurso", acrescenta Névio Silva, jovem professor de música, nascido e criado naquela aldeia recôndita do concelho de Baião.
"Desde cedo, pelos 12 anos, comecei a tocar na paróquia e convivi com muitas pessoas agradáveis. Da sua voz ouvi canções, liturgias e não só, mas ouvi também lembranças de tempos antigos, onde diziam que a porta do vizinho servia para bater quando em casa acabava a farinha e, de vez em quando, o vizinho vinha perguntar se tinha arroz. Pretendemos, no presente, reavivar canções e costumes", contextualiza. A exemplo disso, refere o responsável, a Braços da Terra criou um núcleo intitulado Cantarte da terra, que se apresenta no festival, no dia 15, com canções "locais e tradicionais".
O festival, que resgata a expressão popular ouras (tontura, vertigem), contempla momentos pontuais de música nas ruas, concursos literários e de fotografia, concertos alternados com performances de teatro, workshop de culinária, ofertório de produtos agrícolas para os mais necessitados, etc. "Os Tresourenses estão convidados a trazer excedentes da sua própria produção, maioritariamente biológica, e a deixar num local à porta da igreja. Esses produtos serão por nós distribuídos por associações de solidariedade social que também elas enfrentam hoje tempos difíceis", refere.
Por causa da pandemia de covid-19 foi adiado o percurso BTT, o encontro de motas antigas e a mini-sessão de cinema.