Descontentamento dos agricultores leva organização a não convidar primeiro-ministro e restantes membros do Governo.
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A Direção da ACOS-Associação de Criadores de Ovinos do Sul, entidade organizadora da 39.ª edição Ovibeja, tomou a decisão de não convidar o primeiro-ministro ou qualquer outro membro do Governo, "tendo em atenção o descontentamento generalizado dos agricultores, bem patente nas várias manifestações realizadas neste último mês, nas quais a ACOS tem participado ativamente".
A tomada de posição foi revelada numa entrevista feita a Rui Garrido, presidente da ACOS e da organização da Ovibeja, pelo Gabinete de Comunicação do certame. "Esta não é a nossa ministra. Nós precisamos de ministros que oiçam os agricultores", disse ainda Garrido sobre a ministra Maria do Céu Antunes.
Assumindo o diferendo de fundo entre agricultores e a ministra da Agricultura, e apesar da Ovibeja "ser um espaço de diálogo e encontro de soluções para os problemas da agricultura", o presidente da ACOS considera que "seria uma hipocrisia convidar a ministra a estar presente na feira".
O também presidente da Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) lembrou o desmantelamento do Ministério da Agricultura e a integração de alguns serviços nas CCDR"s, "coisa que não faz qualquer sentido". "Não sabemos se é ideia da ministra e se não concorda com uma medida que eventualmente lhe possa ser imposta, deveria demitir-se", afirmou.
"António Costa também não ouve a contestação dos agricultores e teima em manter a ministra sem qualquer peso político e sem competência para o lugar. Perante uma postura desta índole, não faz igualmente sentido convidar o primeiro-ministro e por consequência, outros membros do Governo", rematou.
O presidente da organização da feira confirmou ainda que foi endereçado convite ao Presidente da República, "que deverá visitar a Ovibeja no dia 29 de abril, na parte da tarde". A Ovibeja realiza-se no Parque de Feiras e Exposições de Beja, entre 27 de abril e 1 de maio.
Na manifestação do passado dia 9 de março, em Beja, Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), tinha deixado o aviso a António Costa de que "Sócrates tinha maioria absoluta e, após o protesto contra o ministro Jaime Silva, nas eleições seguintes perdeu 250 mil votos. Só estamos a avisar de que podemos voltar a fazer o mesmo, caso o Governo não mude de políticas para a agricultura", assegurou.