É mais uma tentativa para aumentar o número de turistas no Côa. O Parque Arqueológico inaugurou as "visitas TT".
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Um percurso por montes e vales, entre Côa e Douro, com passagem pelas gravuras.
O sol não deu para esconder a temperatura menos primaveril deste sábado, tampouco para desculpar o vento forte que desarrumava o pó à passagem dos jipes, e que sem pedir licença entrava adentro dos 4x4 seguintes. Nada que os amantes da aventura não estejam já habituados. "Faz parte", assumia Dina Regalo, ao volante de um dos jipes, ela que entrou neste projecto para o "pôr a andar", depois de ter sido desenhado pelos colegas do PAVC, Jaime e Ângela. No roteiro, a passagem pelo núcleo de gravuras do Fariseu, pelo sítio romano do Prazo, em Freixo de Numão, e pelos trilhos das encostas dos rios Côa e Douro, emoldurados em belas paisagens a que agora as giestas emprestam o branco das flores.
Dina ressalva a dureza de alguns troços, que acredita serem os preferidos de quem gosta de participar em eventos todo-o-terreno. O sítio do Fariseu, onde é possível ver alguns núcleos de arte rupestre, foi escolhido precisamente por ter um acesso mais íngreme. "É um trilho mais radical, pelo que se revelou uma visita menos adequada às visitas normais", explica a directora do PAVC, Alexandra Cerveira Lima.
A responsável revela que em 2008 o Parque conseguiu envolver cerca de 18 mil pessoas em todas as suas actividades. Bastante pouco, mesmo tendo afastado, por irrealistas, os 200 mil visitantes anuais falados há dez anos, depois das gravuras do Côa terem sido classificadas pela Unesco como Património Mundial.
Daí esta nova alternativa, que Alexandra Cerveira Lima acredita poder ter mais interesse durante a chamada época baixa, de modo a "fazer permanecer turistas na região por mais que uma noite e deixar nela mais-valias".
As visitas TT pretendem "atrair sobretudo os amantes do todo-o-terreno, para que possam visitar o PAVC, bem como outros locais de interesse da região, com as suas próprias viaturas", explica a directora. Para tal, estão a ser envolvidos os operadores privados da região ligados à aventura e aos desportos radicais. Brevemente começará um curso de guia a eles dirigido, o que lhes poderá garantir mais autonomia na altura de levar os clientes aos núcleos de gravuras.
Rui Reininho, da Ravinas do Côa, considera que "todas as iniciativas que sejam para diversificar e melhorar a oferta são bem-vindas". Da Sabor Douro e Aventura, de Torre de Moncorvo, Doníria Afecto rotula de "pertinente" a nova modalidade de visitas, pois "ajuda a criar um programa dentro do PAVC que até agora havia dificuldades para concretizar".
Dificuldades a que não é alheio o facto de o Parque só ter dez guias e que nem todos estejam permanentemente disponíveis para acompanhar turistas a tempo inteiro. Por isso é que o saldo anual de visitantes tem sido baixo.
As visitas nocturnas mantêm-se, por marcação, à semelhança do percurso "No rasto dos Caçadores Paleolíticos". A oficina de arqueologia experimental também vai integrar as visitas TT. A ideia é que o participante tenha contacto directo com réplicas das armas de pedra e osso que o Homem do Paleolítico utilizava na caça ou noutras tarefas.