O Parque de Ciência e Inovação (PCI), instalado em Ílhavo, junto à Universidade de Aveiro (UA), vai ter um laboratório de investigação na área da saúde, numa parceria com a fundação brasileira Osvaldo Cruz (Fiocruz). Uma boa notícia para comemorar os três anos de vida.
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"Estamos a fazer esforços com a maior unidade de investigação do Brasil, a Fiocruz, e existe a intenção de criar no PCI um laboratório para a área da saúde", garantiu, ao JN, o vice-reitor da UA, João Veloso, durante uma visita ao parque. "Há um apoio forte do ministro, de entidades públicas e científicas. Há 30 cartas de apoio ao laboratório", acrescentou o reitor, Paulo Jorge Ferreira, apontando este como um "exemplo do que poderá vir a acontecer no futuro" no PCI.
A Fiocruz e a UA estabeleceram um acordo de cooperação que visa a implantação do Laboratório Binacional Brasil-Portugal para Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, que irá desenvolver produtos e serviços inovadores. Um investigador brasileiro chegou a Portugal em dezembro e o laboratório deverá avançar este ano.
O PCI, um investimento de 13,3 milhões de euros, foi inaugurado em março de 2018. Num terreno de 16 hectares estão instalados três edifícios: um central de uso diverso, um laboratório de Tecnologias da Informação, Comunicação e Eletrónica e um laboratório agroindustrial.
Está prevista a construção de um quarto edifício para projetos ligados ao Mar e Energia. A sociedade que detém o PCI (a UA é o acionista maioritário, mas intervêm também autarquias, associações e empresas) pediu financiamento na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) e espera ter a obra concluída dentro de "três anos", avançou João Veloso.
O vice-reitor adianta que, "no futuro, queremos continuar a expandir para outras áreas que não estavam inicialmente previstas, como a saúde", sendo a parceria com a Fiocruz o primeiro passo. "Tudo faremos para criar condições para atrair e fixar talento e dar à região possibilidades de desenvolvimento", assegurou o reitor.
Ocupação a 85%
O PCI tem 80 projetos, que envolvem 400 colaboradores e representam uma ocupação de 85%. Mas o parque é "dinâmico" e tem projetos em diferentes graus de maturação, que chegam, crescem e saem, explicou o diretor, Hugo Coelho. Estão ali desde ideias nascidas na academia, que se podem desenvolver na Incubadora que a UA levou para o PCI, até jovens empresas de todo o mundo. Beneficiam de vários serviços e estruturas, como apoio jurídico e auditório, e de iniciativas que fomentam sinergias.
Quando as empresas crescem e precisam de espaço próprio, podem transitar para um dos 18 lotes de terreno que o PCI tem à disposição. Depois, seguem para Zonas Industriais.
Algumas das ideias e empresas são nacionais, como a Watgrid e a Scubic (ler reportagens ao lado), e outras estrangeiras. Johannes Rietschel, um alemão que investe na Suíça, está a instalar no PCI a QIBA Connect (tecnologias de pagamento e soluções de contagem que permitem, por exemplo, pagar com telemóvel ou saber a lotação de um supermercado) e a Bacode Engenharia (distribuição de áudio em redes). "A infraestrutura é fantástica e os serviços, incluindo o auditório, o boot camp e os laboratórios são perfeitos", diz Rietschel, elogiando, ainda, o "ambiente muito inovador, networking e a proximidade com a universidade".
A Efrican, dedicada à cooperação internacional na área das alterações climáticas, tem capitais africanos. Chegou ao PCI em setembro, atraída pela "possibilidade de estabelecer parcerias com empresas complementares" e pelo fácil acesso a "competências científicas e tecnologias promissoras", explicou.