Os mais de mil anos de história das sepulturas medievais da Necrópole Medieval do Cumareiro, em Mangualde, estão agora mais protegidas, com a conclusão de um passadiço de cerca de 300 metros, que impede a destruição daqueles achados arqueológicos e cria um percurso seguro para os visitantes.
Corpo do artigo
Além do passadiço, a Necrópole Medieval do Cumareiro ganhou ainda um parque infantil, casas de banho e uma zona de lazer, com mesas e churrasco. "No fim de semana já tivemos cá algumas pessoas", disse o presidente da União de freguesias de Santiago de Cassurrães e de Póvoa de Cervães, Rui Valério. "Acho que toda a gente vai ficar encantada porque é um local espetacular, com uma vista única para a serra da Estrela", acrescentou, lembrando que, reboque do Dia da Árvore, foram plantadas cerca de 100 árvores naquele espaço.
Inaugurada há poucos dias, com a presença do presidente da Câmara de Mangualde, Marco Almeida, a requalificação da Necrópole Medieval do Cumareiro custou cerca de 100 mil euros, financiada a 80% através de uma candidatura à Associação de Desenvolvimento do Dão (ADD), ao abrigo do programa Renovação de Aldeias. O remanescente, cerca de 20 mil euros, foi suportado pela União de Freguesias. "O objetivo é proteger as sepulturas e possibilitar a visita", valorizando esta zona histórica, com vista para a serra da Estrela, e atrair turistas ao concelho.
"As pessoas de cá de certeza que vão ter orgulho e querer mostrar aos familiares e outras pessoas de fora", argumenta Rui Valério, destacando as novas valências, a vista para o ponto mais elevado de Portugal e antiguidade do local. Num esporão a noroeste da aldeia de Póvoa de Cervães, a Necrópole Medieval do Cumareiro é composta por cinco sepulturas medievais escavadas na rocha. Originalmente seriam mais, mas algumas perderam-se com o passar dos anos.
Abertas em afloramentos rochosos nas florestas ou terrenos agrícolas, estas sepulturas representam um arco temporal de cerca de 500 anos, entre o século VI e o Século XI. As mais antigas terão cerca de 1500 anos e as mais recentes perto de um milénio.
Tipicamente distribuídas por formas retangulares ou trapezoidais, de banheira, são maioritariamente de adulto, dadas as dimensões, que variam entre 170 e 190 centímetros, lê-se numa nota do arqueólogo António Tavares. "As recentes investigações sugerem que as sepulturas isoladas ou os núcleos familiares constituiriam marcos de domínio territorial, delimitando a propriedade privada de certas famílias", lê-se no quadro informativo.
Abundantes na Península Ibérica durante a reconquista cristã, estas sepulturas confirmam práticas e formas de vida cristã. No concelho de Mangualde haverá cerca de 200 e, seguindo a recomendação canónica, são maioritariamente viradas a Este, segundo o mesmo quadro informativo.