A partir de hoje é possível usufruir de zonas que eram praticamente inacessíveis junto ao rio que corta a cidade a meio, mas apenas numa extensão de cerca de um quilómetro.
Corpo do artigo
Ora sobe, ora desce. Ora em caminho de terra irregular e pedras, ora em mais lisos passadiços de madeira. A partir de hoje é possível caminhar ou correr através das encostas escarpadas do Corgo, o rio que corta a meio a cidade de Vila Real, e que eram praticamente inacessíveis ao comum dos mortais.
A intervenção chama-se Percursos Naturais do Parque Corgo, que se estende em mais dois quilómetros e meio, para jusante do Bairro dos Ferreiros, que fica por baixo da ponte de ferro, o percurso que já existe a montante até à zona da Timpeira.
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, foi lá ontem ver a obra e dar-lhe o devido destaque, pois "é raríssimo" que uma cidade tenha no meio um vale "tão encaixado e tão perfeito".
Elogio de quem conhece bem a zona, pois esteve envolvido na candidatura do projeto Polis de Vila Real, e de quem confessou "sonhar com isto há muitos anos". Agora que o sonho se concretizou, aplaude a intervenção da Câmara de Vila Real, pois "não sendo uma obra fácil, é absolutamente essencial".
Fator de aproximação
A partir de hoje é possível fazer o percurso entre o Bairro dos Ferreiros e a Vila Velha e apreciar um espaço natural que até agora não estava disponível. "O que nós pretendemos é que o rio não seja fator de divisão, mas de aproximação da cidade. Para isso, todo este espaço tem de ser usufruível", salientou o vereador do Ambiente, Carlos Silva.
Para tal foram aproveitados os antigos caminhos que permitiam à população ir às estruturas que existiam junto ao rio Corgo. São os casos da Central Hidroelétrica do Biel e a Fábrica do Granjo, que também estão a ser recuperadas e musealizadas.
O que se pretende é que, quando todo o percurso estiver concluído, as pessoas "contactem com a natureza e verifiquem que a sua preservação e valorização é relevante para o seu bem-estar", acrescentou o autarca. Há informação nas entradas sobre as dificuldades que vão encontrar ao longo do percurso.
Algumas associações ambientalistas têm alertado para o impacte ambiental dos passadiços do Corgo. Carlos Silva diz que a Autarquia se tem articulado com aquelas organizações para lhes explicar que o ambiente não está a ser prejudicado. "Nós não estamos a artificializar, nós estamos de alguma maneira a aproveitar os percursos naturais", sublinha o vereador, salientando que dos 2,5 quilómetros dos percursos, a parte em passadiços é de "apenas 750 metros". Portanto, "não é nada de significativo". Foi apenas o "estritamente necessário para que o espaço pudesse ter usufruto".
Empreitada complexa
A parte do percurso que ainda não fica disponível vai ligar a Vila Velha à zona de confluência dos rios Corgo e Cabril e depois à antiga linha do caminho de ferro e ao Jardim Botânico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
A empreitada foi consignada em novembro de 2019, porém, segundo Carlos Silva, a "fase da pandemia provocou algumas dificuldades na execução da obra".
É uma empreitada "muito complexa, pelo local onde estava a ser realizada, sem acessos e sem possibilidade de transporte de materiais e de equipamentos para o local".
Percursos naturais
Para já, só é possível passear por 900 metros entre o Bairro dos Ferreiros e a Vila Velha. A parte inicial em antigos trilhos recuperados e o resto em passadiços de madeira.
Há mais três projetos de natureza no país
A empreitada dos Percursos Naturais do Parque Corgo é um dos quatro projetos que foram apoiados pelo Fundo Ambiental. Para além de Vila Real, foram executados outros em Olhão (frente da Ria Formosa), em São Pedro do Sul (zona das termas) e no Porto (Parque da Asprela). Trata-se de um investimento global de 5,2 milhões de euros, dos quais 3,6 foram financiados por aquele fundo.
De acordo com o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, "são projetos urbanos que têm como objetivo a melhoria da relação das mesmas cidades com os valores naturais".