O secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, pediu, esta segunda-feira, ao presidente da Câmara de Vizela para renunciar ao cargo de presidente da Federação Distrital de Braga e informou-o de que não apoiará a sua recandidatura nas eleições autárquicas deste ano.
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A decisão surge na sequência das notícias que dão conta de um episódio de violência doméstica que terá obrigado a mulher do autarca a receber tratamento hospitalar, em fevereiro deste ano.
A secretária nacional da Juventude Socialista, Sofia Pereira, nas redes sociais, elogiou a postura de Pedro Nuno Santos. A Comissão Política Distrital de Braga reúne-se, esta semana, para avaliar o pedido do secretário-geral do partido. No seu primeiro mandato, Victor Hugo Salgado foi eleito por um movimento independente.
Em comunicado, o PS manifesta uma “profunda preocupação com as informações que vieram a público” sobre o presidente da Câmara de Vizela e da Federação Distrital Socialista de Braga. “O secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, solicitou a Victor Hugo Salgado que renunciasse ao cargo de presidente da Federação do PS de Braga. Informou igualmente que o Partido Socialista não apoiará a sua recandidatura à presidência da Câmara Municipal de Vizela”, le-se no comunicado.
Sublinhando que o caso se encontra em fase de inquérito e que “é à Justiça que compete apurar os factos e assegurar a responsabilização adequada”, ainda assim, o secretário-geral do PS “pediu ao presidente da federação do PS/Braga para renunciar ao cargo e informou-o de que não o apoiará na recandidatura à Câmara de Vizela, após notícias de alegadas agressões de Victor Hugo Salgado à mulher”.
O PS reafirma o “compromisso com o combate firme e determinado a todas as formas de violência, independentemente de quem as pratique” e “a sua inequívoca condenação de qualquer forma de violência doméstica, independentemente de quem a pratique”.
No comunicado, os socialistas reiteram a sua total solidariedade com as vítimas de violência e destacam “a importância de que todas as denúncias sejam investigadas com o máximo rigor e celeridade, garantindo justiça e proteção a quem mais precisa”.
A secretária nacional da Juventude Socialista, Sofia Pereira, nas redes sociais, afirmou que “perante a violência doméstica, a apatia não é admissível” e elogiou a reação de Pedro Nuno Santos. Para Sofia Pereira, “nenhuma circunstância, seja política, institucional ou pessoal, pode justificar a apatia perante suspeitas tão graves”. A líder dos jovens socialistas defendeu que, neste caso de Victor Hugo Salgado, exigia-se “uma resposta clara e coerente com os valores” defendidos pelo PS.
Pediu para sair e está preocupado com os filhos
Victor Hugo Salgado, em reação à tomada de posição do secretário-geral do PS veio dizer que “atendendo aos superiores interesses do partido, já havia demonstrado ao secretário-geral a minha vontade de me afastar da presidência da Federação Distrital de Braga, tal como de todos os cargos que ocupo nos órgãos do PS, para não prejudicar o processo eleitoral das legislativas que se encontra a decorrer”.
Na sexta-feira, o autarca vizelense tinha dito, em comunicado conjunto com a mulher, que as notícias sobre o caso de violência doméstica são uma “tentativa de instrumentalização da vida privada para fins políticos”. Queixa-se, agora, de que “este tipo de notícias prejudica gravemente o crescimento saudável dos filhos e causa danos irreparáveis ao seu desenvolvimento”.
Para Victor Hugo Salgado, “o Partido Socialista precipitou-se ao manifestar uma posição de não apoio à minha candidatura nas próximas eleições autárquicas”. O autarca afirma-se alvo de um “julgamento sumário na opinião pública” e acrescenta que não tem conhecimento da existência de qualquer processo, diz que não foi constituído arguido e que está disponível para prestar declarações a qualquer entidade judicial.
Eleito por um movimento independente em 2017
Victor Hugo Salgado foi eleito presidente da Câmara de Vizela, pela primeira vez, em 2017, como candidato por um movimento independente, depois de ter sido vereador (2009-2016) e inclusivamente vice-presidente (2013-2016), eleito pelo PS. Em 2021, foi releito, integrando novamente as listas socialistas.
Entretanto, Ricardo Costa, presidente da Mesa da Comissão Política Distrital do Partido Socialista, anunciou a realização de uma reunião daquela estrutura, ao longo desta semana, para avaliar o pedido de Pedro Nuno Santos. Ricardo Costa anunciou ainda que o partido não apoiará a recandidatura do autarca à presidência da Câmara Municipal de Vizela, nas próximas eleições autárquicas, acrescentando que o secretário-geral “foi muito claro ao dizer que o partido condena “de forma inequívoca qualquer forma de violência doméstica”.