Três associações de pesca do Alto Minho juntaram-se ao movimento nacional de contestação à instalação de novos parques eólicos no mar, com um abaixo-assinado que pretendem fazer chegar ao Governo, alertando para o possível impacto dos futuros parques em espécies migratórias como a lampreia, o sável e o meixão.
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Envolvidas na iniciativa estão a Associação de Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora, a Associação de Profissionais de Pesca do Rio Minho e do Mar (Caminha), e a Associação de Pescadores da Ribeira Minho (Vila Nova de Cerveira e Valença), que querem ser ouvidas pela tutela sobre os riscos que entendem que as eólicas offshore podem implicar. Deverão reunir nos próximos dias para concertar eventuais novas formas de luta.
"Vamos mexer-nos e tentar uma reunião com os responsáveis do Estado, porque há um parecer europeu que alerta os estados-membros para várias situações", Augusto Porto, da associação do Rio Minho e do Mar, destacando que é preciso ter atenção às espécies migratórias nas zonas onde vão ser instaladas as eólicas. "Já sabemos que nos rios Lima e Minho, o maior recurso são os peixes migratórios, como o sável, a lampreia e o meixão", adiantou, acrescentando que o abaixo-assinado também refere "a existência de duas placas tectónicas na costa portuguesa, em frente a Caminha e Vila Praia de Âncora, e que a implantação de eólicas deve ser salvaguardada".
O abaixo-assinado surgiu por iniciativa de Liliana Silva, vereadora da oposição (PSD) na atual câmara de Caminha (PS). Em comunicado de imprensa, indica temer que as eólicas offshores venham "a condenar a atividade piscatória e a dinâmica económica" no concelho.
"Além do facto dos pescadores deixarem de poder pescar na zona, também os peixes deixam de existir num extenso espaço devido às ondas sonoras provocadas pelo funcionamento das eólicas. É impensável que se esteja a pôr em causa uma atividade tão importante para este concelho, para o Norte e para o país, por causa da construção de um parque eólico no mar. Tem que haver outras soluções e os verdadeiros interessados nesta matéria têm que ser ouvidos", defende a vereadora.
"Sabemos que vamos ser prejudicados, mas não estamos contra as eólicas. O que queremos é que sejam instaladas o mais longe possível da nossa costa, em mares profundos, que tenham em conta estes pareceres iniciais da Comunidade Europeia, e que os pescadores sejam tidos em conta na Comissão de Trabalho e na implantação das mesmas", declarou Augusto Porto.
Em causa está a proposta que define cinco novas áreas para exploração de energias renováveis no mar, ao largo de Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira-Cascais e Sines, e que esteve em consulta entre 30 de janeiro e 10 de março.
Associações de pesca e sindicatos do setor de todo o país têm vindo a manifestar-se contra o facto de não terem sido ouvidos neste processo, alertando para o risco que os futuros parques offshores poderão significar para as comunidades piscatórias portuguesas.